Eu sou um fã de Yu-Gi-Oh por mais da metade da minha vida, não apenas assistindo aos animes, mas também jogando o card game por muito tempo. Dito isso, a divulgação inicial de Sevens não me animou muito.

Yu-Gi-Oh! VRAINS, s série anterior, não terminou muito bem, e entre seu fim e o início de Sevens teve um hiato de 6 meses. A mudança de design do anime e o novo formato feito para o anime (Rush Duel) não me empolgaram.

Parte do meu desinteresse se deu por eu querer ver uma história séria e bem escrita (o que as duas últimas séries falharam muito). Por outro lado, por eu ser um jogador que jogava em torneios, o novo formato parecia, a meus olhos, uma péssima decisão.

Entretanto, mesmo desanimado, quando o primeiro episódio foi ao ar, dei uma chance. O que foi uma das melhores decisões que já tomei.

Eu adorei o primeiro episódio de Sevens e não seria exagero dizer que ele mudou a forma com a qual eu encaro card games, e não apenas Yu-Gi-Oh.

Premissa de Sevens

Em Sevens acompanhamos a história de Ohdo Yuga (dublado por Hiiro Ibshibashi), um estudante do ensino fundamental que tem muita afinidade com tecnologia, que está em busca de liberdade. O anime se passa em uma cidade controlada pela Corporação Goha, que dita as regras de toda a sociedade. As pessoas não podem trocar cartas entre si sem a supervisão de um funcionário da empresa.

Os primeiros minutos introduzem muito bem esse conceito, em que o Yuga abriu seu disco de duelo para instalar o que ele chama de “meu caminho”, falha e é penalizado. Ao chegar na escola, outros alunos percebem que ele já está com 5 penalidades e dizem que se ele receber outra estará ferrado.

Porém, na cena seguinte, o presidente do conselho estudantil, chocado com a tentativa de Yuga, faz um diálogo expositivo sobre o caso. Os primeiros episódios têm esse aspecto negativo, mas melhora com o tempo.

Outro dos protagonistas é o Luke (Taku Yashiro) um jovem com o objetivo de se tornar o Rei dos Duelos. Ele escuta que o Yuga estava interessado em instalar novas regras de duelo e diz onde ele pode fazer isso.

Luke encontrou um lugar com uma construção que tem um holograma que diz que quem o derrotar poderá ser o próximo Rei dos Duelos. Entretanto, mesmo vencendo o duelo, nada acontece se o tempo designado para o duelo acabar, e ele recebe uma penalidade.

Luke tentou várias vezes antes, mas falhou em todas e teve sua conta banida. Yuga reluta por estar com 5 penalidades, mas aceita apostar nessa última chance de poder mudar esse mundo restrito.

Não há tempo de instalar as regras normalmente nesse local, então o protagonista faz um Duelo de Programação em Tempo Real, em que será instalado ao longo de uma partida.

O Rush Duel é dinâmico e com alta probabilidade de reviravolta não importa a situação. O Yuga criou essas regras pois quanto mais ele duelava, mais sentida que os duelos haviam se tornado algo restrito e não divertido.

Isso foi o que me tocou. Por muito tempo, jogar Yu-Gi-Oh para mim era uma repetição das mesmas jogadas e tentar ao máximo impedir qualquer jogada do oponente. Era cansativo.

Comentários finais

O começo do Sevens traz muito a ideia do anime infantil, piadas um pouco bobas, muita exposição. Porém, isso vai melhorando ao longo do tempo. O humor principalmente, ele é leve, mas funciona muito bem.

Ao decorrer dos episódios, os dubladores dos protagonistas se sentem mais confortáveis nos papeis e isso se reflete em o quão mais expressivos os personagens se tornam

Acerca da trama, ela é ok. A premissa de cada arco não é o ponto forte e sim o trabalho em cima disso, as partidas, as consequências de cada duelo.

Eu queria um anime sério e bem escrito, mas o que eu precisava era um anime descontraído que me divertisse.

Por fim, um exemplo de como há ideias extremamente toscas, mas com uma execução excepcional.

Os episódios 66 e 67, que se tornaram os melhores episódios de anime da minha vida, há um duelo entre o Yuga e o Lukeman, que até então se acreditava que era alguma inteligência artificial controlando o Luke.

Porém, a verdade sobre o Lukeman é revelado, ele é resultado de uma pane elétrica de quando da irmã do Luke dá um golpe de karatê numa máquina de fax, ao tentar enviar, para uma competição, um mangá que o Luke havia escrito quando criança. Devido a essa pane elétrica, o Lukeman, protagonista dessa história, é enviado a internet e direcionado ao espaço, onde ganha vida.

O duelo final do arco se dá entre o protagonista e um mangá que ganhou vida. Eu sou o primeiro a admitir o quão estranho e tosco isso é, o que é exatamente o que deixa incrível.

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Grandes audiências trazem grandes responsabilidades

Recentemente Yu-Gi-Oh revelou o sétimo anime da sua série principal que chegará com o título de Yu-Gi-Oh! Sevens. A nova animação que chega em abril de 2020 já vem recebendo fortes críticas por sua mudança drástica nos traços e talvez até estilo de jogo padronizado que conhecemos atualmente. E isso me fez pensar o porque destas mudanças de franquias tão conhecidas e de longa datas estejam apostando tanto em se reinventar no mercado.

Quer outro exemplo? Em 2016, o anime de Pokémon teve a coragem de encarar o seu público de longa data em trazer mudanças vigorosas na chegada de “Pokémon Sun & Moon”, que também sofreu inúmeras críticas por fãs e até mesmo por pessoas que nem mesmo se importavam com a franquia. A maior crítica quanto a esta mudança foi devido a escolha do traço que este viria a receber, pois segundo os críticos, diziam que Pokémon estava se afastando e muito do que eles conheciam. Também relataram que os traçados eram bem mais simples de certo modo e que parecia jogar o nosso protagonista para uma regressão corporal e espiritual.

Ambas as animações surgiram no final dos anos 90 e hoje já somam mais de 20 anos de exibição e o público das antigas já estão bem crescidos e claro, muito mais críticos. Para se dizer a verdade, tudo no mundo para que se mantenha vivo, precisa estar em constante evolução. principalmente em uma época de mercado tão competitivo que vivenciamos. O pensamento é bem simples pois se estamos estagnados nós não criamos oportunidades para gerar um progresso e estamos sujeitos a regredir cada vez mais. O mesmo funciona para animes como estes dois exemplos que estamos trabalhando hoje, se Pokémon e Yu-Gi-Oh não continuar em uma constante inovação poderão se deparar com um gráfica decrescente nas suas audiências.

Se adaptar… Ou morrer

Adaptação do momento atual é algo muito discutido no empreendedorismo. Quando a gente sente que precisa se adaptar, já não quer dizer que estamos atrasados? O verdadeiro empreendedor é aquele que fisga a ideia genial antes de todos e que consegue surfar nesta onda de sucesso. E convenhamos que a maioria das pessoas só cogitam se adaptar quando se vêem em um momento de dificuldade e bloqueio, pois é o último recurso que lhe restou para continuar a manter vivo.

O motivo de eu ter explicado o parágrafo anterior foi para justificar a razão por qual Pokémon passou por grandes mudanças entre Pokémon XY&Z (2013~2016) e Pokémon Sun & Moon (2016~2019). Para alguns do público desta série, o anime de XY&Z é considerado disparadamente o melhor entre todos os outros percorrido por estes 22 anos em que o anime esteve na TV, inclusive por mim mesmo também. Porém, esta opinião se reflete principalmente nas pessoas na idade do colegial para cima. O que isso quer dizer? Quer dizer que esta temporada de 3 anos fez mais sucesso com um público mais maduro e mais, fez sucesso com os espectadores das antigas que passaram a sua infância vendo Ash, Brock e Misty na região de Kanto e Johto.

Estes 3 anos de Pokémon XY foram o suficiente para que a produção percebesse duas coisas que não poderiam ignorar. Primeiro, o anime estava encaminhando para um público alvo que não era do foco deles. Sabemos que os monstrinhos de bolso tem como foco no público  Kodomo (crianças), ou seja, para um público infantil. Segundo, este problema citado agora já estava começando a refletir diretamente nos números e a audiência já estava começando a cair para um outro sucesso que estava surgindo… O Youkai Watch.

E então veio o chacoalho que reformulou o seu público. Na chegada de Sun & Moon, a produção estava preparada para abdicar do seu público fiel e de longa data para conseguir atrair novos espectadores. Ao contrário do que muitos dizem, a animação não regrediu de firma alguma e podemos dizer que em alguns episódios eles estavam superiores quando comparado as séries anteriores. Além disso, a grade de horário da exibição do anime de Pokémon mudou. Não somente o horário, mas o dia também. Desde o começo até 2016, Pokémon passava todas as quinta-feira, intercalando nos períodos de 18 horas ~ 19 horas. Porém este horário durante a semana não estava sendo vantajoso para o público de seu foco. Desta forma, a partir de Sun & Moon, o anime mudou a grade para domingo, às 18 horas, um horário em que boa parte das crianças estão em casa para assistir ao seu desenho.

Como se reencontrar de volta no mercado não fosse o suficiente, em outubro de 2019 Pokémon trouxe uma nova forma de trabalhar o anime e seu universo. O nomeado “Pocket Monster” consegue reunir o público infantil e fisgar de volta aqueles que já tinham desistido desta franquia — Pocket Monster é o anime de Pokémon como sempre deveria ter sido desde o começo — Se vocês quiserem saber mais a fundo sobre este novo anime, eu fiz um texto aqui no site mostrando o porque você, marmanjo de 20 e poucos anos, vai conseguir pegar a magia da nova animação, trazendo pitadas de nostalgia.

A melhor forma de aprender é aprender com quem deu certo

Hora do Duelo? Não! Hora de botar as cartas na mesa e analisar qual a melhor estratégia e torcer para puxar um Exódia que oblitere o momento de dificuldade que Yu-Gi-Oh anda passando — A melhor forma de aprender é aprender com quem deu certo — Yu-Gi-Oh passará por talvez a maior mudança já vista na sua série percorrida por mais de 20 anos.

Desde “Duel Monsters” até o mais recente finalizado “Vrains”, todos eles possuíam histórias um tanto quanto sombrias, voltado para o jogo das trevas. Não só isso, como a aparência dos protagonistas já retratavam bem pela sua feição, em como seria o rumo da história. Em Duel Monsters tínhamos a dupla de Yugi e Atem, mesclando a inocência e a sabedoria. Em GX, Jaden era um jovem com sede por exploração das aventuras que o mundo dos jogos poderia lhe proporcionar. A partir da 3ª série, Yu-Gi-Oh 5D’s já começava a se distanciar do inocente e da aventura e passa a percorrer por um lado mais obscuro,  com significados profundos, impondo filosofias e a impregnação do “ismo” (sufixo utilizado para definir um sistema, um modo de existência). No próprio Vrains, o background do protagonista Yuusaku é desenvolvido por meio de sequestro de crianças, tortura infantil que causavam traumas na mente do mesmo.

É bem claro e muito perceptível que Yu-Gi-Oh Sevens tentará buscar por novos públicos, sendo eles do público infantil. Trazendo dos velhos e conhecidos monstros, no novo formato de duelo. O que nos resta agora é esperar para ver como esta aposta se dará, pois um fracasso nessa altura do campeonato pode refletir no seu maior objetivo com o anime que é a venda do seu TCG – Trading Card Game. E com certeza, isso é algo que a empresa Konami, produtora dos jogos de carta da franquia, não quer ver acontecer.

Enfim pessoal! Este foi mais um texto no NSV – Mundo Geek! Restou alguma dúvida ou tem algo para acrescentar? Comente aqui em baixo

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