Sinopse: E se seu maior inimigo estiver mais perto do que você imagina? É essa a realidade de seis adolescentes nada parecidos, mas que enfrentam um oponente em comum: os próprios pais. Agora, o nerd Alex (Rhenzy Feliz), a independente Nico (Lyrica Okano), a bela Karolina (Virginia Gardner), a durona Gert (Ariela Barer), o galã Chase (Gregg Sulkin) e a inocente Molly (Allegra Acosta) unem forças em uma missão cujo campo de batalha começa em suas casas.

A consolidação da marca Marvel se deu ao longo de vários anos até a consolidação do MCU como a entendemos, seja na tela grande ou pequena.

Um dos principais motivos pelos quais o universo da televisão da Marvel era tão interessante se deve ao fato dele estar disperso em uma variedade de plataformas, que produziam diferentes tipos de programas. 

A Netflix foi o lar de séries sombrias e corajosas como o Demolidor e Jessica Jones, as propriedades mais tradicionais da Marvel como Agents of SHIELD chegaram à ABC e histórias mais voltadas para adolescentes como Manto e Adaga foram ao ar na Freeform ou Hulu. Uma plataforma como Disney + provavelmente não se interessará por esse tipo de série, que é muito voltada para um nicho, muito violenta ou muito experimental para o que provavelmente vêem a ser o seu público principal.

Embora Fugitivos ou Runaways possa ser um programa adolescente, dificilmente é o que você chamaria de série adolescente. Um dos programas mais estranhos e ainda assim mais divertidos da Marvel, ele conta a história de um conjunto diversificado de personagens com uma série de dons verdadeiramente bizarros. 

De bruxas sombrias a alienígenas brilhantes, dinossauros telepáticos geneticamente modificados, Fugitivos ultrapassa os limites do que significa ser um super-herói.  Apresenta ligações LGBT e personagens negros, conta histórias sombrias e lida com tópicos complicados como suicídio, abuso, adoção e muito mais. No entanto, ela também não tem medo de abraçar histórias tradicionalmente adolescentes de amizade e romance, todas as quais ajudam a dar a esse enredo bizarro, um refresco emocional.

A 3ª temporada da série é tudo o que torna o programa bom. O resultado costuma ser comovente e geralmente divertido, mas ainda assim deixará os espectadores com um gosto agridoce na boca. Porque também é um lembrete de tudo o que não veremos novamente, seja neste programa ou em qualquer outra série da Marvel cujas exibições foram encerradas este ano.

Talvez o pessoal responsável por Fugitivos tivesse uma noção do que estava por vir, no entanto, esta temporada oscila bastante, como se todos soubessem que eles não teriam outra chance de fazer esse programa. E os resultados são totalmente experimentais beirando o ridículo, da melhor e mais divertida maneira. 

A 3ª e última temporada de Fugitivos assume alguns riscos narrativos e, embora nem sempre funcionem inteiramente, são certamente emocionantes de se assistir.

O Magistrado, anteriormente conhecido como Jonah, e seus familiares alienígenas possuíram vários dos corpos dos pais desses jovens e não estão apenas procurando um caminho de volta para seu planeta natal, mas talvez também pensam em iniciar uma invasão alienígena à Terra no processo. 

Karolina, Chase e Janet são mantidos prisioneiros em uma simulação de vigília que imita seus sonhos de uma vida ideal. E Nico busca a ajuda da feiticeira Morgan para salvá-los, e esse é ponto de partida desta última temporada.

Fugitivos expande com sucesso sua narrativa além do conflito entre nossos heróis e seus pais pseudo-super vilões na 3ª temporada, dando a cada personagem conflitos internos realistas para enfrentar.

Um episódio mostra os nossos jovens heróis na dimensão negra, vivendo seus piores medos. Outro apresenta um crossover super satisfatório, com a participação das estrelas de Manto e Adaga de Olivia Holt e Aubrey Joseph. Durante todo o processo, o grupo de amigos deve tomar decisões difíceis, se sacrificar ou salvar uns aos outros, confiar naqueles que os prejudicaram no passado ou apoiar aqueles cujas decisões eles não concordam necessariamente.

Infelizmente, a 3ª temporada não apresenta tantos momentos reais e bem elaborados quanto Fugitivos já fez. Mas os eventos da última temporada envolveram a possibilidade de invasão alienígena, então talvez tenhamos deixado o mundo do ensino médio para trás para sempre.

Conforme a temporada avança, a série se inclina mais e mais em seus elementos mais fantásticos, focando em magia, bruxas e realidades alternativas sombrias, e as coisas ficam mais estranhas do que nunca. O show de repente se mostra menos preocupado com as maldades dos pais desses jovens do que com a batalha que cada personagem tem que travar dentro de si. 

E embora os pais ainda estejam por perto, graças ao enredo de troca de corpos alienígenas que destrincha vários dos episódios iniciais da temporada, eles estão menos diretamente envolvidos na história do que nunca, para o bem ou para o mal.

Dado que a 3ª temporada é tão fortemente focada em magia e suas consequências, Nico naturalmente se torna o centro da história, emergindo como uma líder de fato da equipe. Infelizmente, isso significa que alguns dos outros Fugitivos têm consideravelmente menos espaço nesta temporada. 

Gert, em particular, sente que não consegue ver muito além de seu relacionamento com Chase, e embora algumas coisas muito obscuras aconteçam com Alex, estes também são eventos cujas consequências parecem destinadas a ser abordadas em uma 4ª temporada que nunca veremos.

O relacionamento de Nico com Karolina também é importante na narrativa geral da temporada, enquanto as duas lutam para encontrar um equilíbrio entre os lados escuro e claro de suas personalidades e poderes, elas tentam aprender a viver em harmonia. 

Felizmente, Fugitivos não termina sua temporada em um grande momento de angústia, talvez outro sinal de que os produtores tinham algumas surpresas guardadas para uma 4ª temporada que iria acontecer ou não. Restam algumas tramas pendentes, que infelizmente nunca veremos resolvidas.

No final a série é um tributo à amizade que se formou entre este grupo de desajustados e ao quanto suas vidas passaram a impactar uns aos outros. Foi um prazer estar fugindo com eles durante essas três temporadas.

Fugitivos pode ser vista no canal Sony Channel Brasil na tv a cabo ou no site da Sony Channel para assinantes também de algum serviço de tv a cabo.

Nota Final: 4 / 5

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Na primeira vez que eu assisti à abertura de BoJack Horseman, a sua estética deixou-me hipnotizada. A música instrumental composta por Patrick e Ralph Carney carregada de melancolia e saudosismo, mesclada aos visuais da rotina doentia e vazia do protagonista estabeleciam um padrão deprimente e intrigante que culminava no afogamento do personagem equino. Quem diria que desde o início o fim já estava à mostra?

Após a quinta temporada acabar e a sexta ser anunciada como a última, fiquei curiosa em como a equipe arrumaria as pontas soltas e se despediria de seu longevo projeto de sucesso. Diferentemente das produções anteriores de 12 episódios, a temporada final conta com 16, e foi dividida em duas partes. Semana passada, alcancei a primeira, e sexta passada, 31 de janeiro, vi a segunda.

Após finalmente trabalhar sua atitude e manter sua sobriedade, BoJack está em um lugar melhor. Afastado de Los Angeles, ele agora trabalha como professor universitário em Connecticut. Tudo parece bem, até que seu passado aparece para prestar conta. Todos os seus pecados (em evidência a morte da Sarah Lynn) batem à porta graças a uma investigação jornalística e agora só resta responder pelos erros.

Como nada é fácil, as coisas eventualmente dão errado. Por mais que ele responda à matéria da maneira mais responsável possível, as evidências de seus atos mais hediondos falam mais alto. BoJack tenta manter a cabeça erguida em meio a esse mar de lama, mas após sua irmã Hollyhock cortar todo o contato com ele, finalmente ele mergulha no desespero. Na sua decadente espiral de horror, ele finalmente realiza o que parece seu último ato: afogar-se na piscina como a abertura sugere.

Faria sentido acabar a série naquele momento, sua morte funcionando como o ponto final da sua existência. Entretanto, o que os realizadores executaram encaixou muito, muito melhor. Levando em conta seu compromisso com a verossimilhança, uma resposta mais complexa e genuína veio à tona: a vida simplesmente continuou. Ele sobreviveu e, agora na prisão por invadir propriedade privada, paga verdadeiramente pelas suas ações. O último episódio, o qual só utiliza as vozes do elenco principal (BoJack, Princess Carolyn, Diane, Mr. Peanutbutter, e Todd) ilustra isso perfeitamente.

Como se despedisse de cada um deles em particular, ele observa como eles seguiram adiante, adaptando-se a novas situações e tornando-se as melhores versões deles mesmos. De certa maneira, todos eles o deixaram para trás. Mr. Peanutbutter percebeu suas tendências de co-dependência e sente-se suficiente sozinho agora. Todd tomou as rédeas da sua vida e não mais necessita da boa vontade alheia. Princess Carolyn não mais vai trabalhar como sua agente resolvendo todos os seus problemas. Por fim, Diane resolve cortar contato, grata por ele ter feito parte de um momento da sua história, todavia tóxico demais para continuar seu amigo.

É nesse ambiguidade que BoJack Horseman acaba: seu tom triste ainda que esperançoso ilustra a natureza humana. Temos o poder de seguir adiante e, se cairmos na nossa jornada, precisamos ter a responsabilidade para nos erguer de maneira sadia. Não houve um desfecho de fato, nem todas as respostas foram dadas, só nos foi dada a promessa de muitas possibilidades. Como o personagem titular disse há muito tempo, “Desfecho é uma coisa criada pelo Steven Spielberg para vender ingressos de cinema. É como o verdadeiro amor e as olimpíadas de Munique: não existe no mundo real. A única coisa que pode fazer agora é viver a sua vida.”

Sentirei falta dessa incrível série que me arrancou tantas risadas como lágrimas. Foi um prazer abordá-la semanalmente, no entanto é hora de seguir em frente, rumo ao novo dia. Deixo vocês com a música de finalização do último episódio, Mr. Blue da Catherine Feeny.

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Você pode assistir a BoJack Horseman no serviço de streaming da Netflix.

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