Sinopse: Em SNOWPIERCER ou Expresso do Amanhã, um grupo de pesquisadores cria um experimento capaz de pôr fim à ameaça do aquecimento global, mas seus planos não saem como o planejado e eles acabam eliminando quase toda a vida da Terra, que, por sua vez, transforma-se em um deserto de gelo. Os únicos sobreviventes vagam pelo planeta a bordo de um trem chamado Snowpiercer, mas nem todos estão conformados com a situação. Com isso, uma revolução está prestes a eclodir.

 É difícil imaginar um momento melhor para lançar um programa de televisão sobre pessoas confinadas à força em locais apertados, do que no meio de uma quarentena onde todos nós estamos nos sentindo presos e confinados dentro de nossas casas. 

A mais recente série da TNT Snowpiercer é baseado no filme de 2013 do diretor Bong Joon-ho (Parasita) e na série original de romances gráficos franceses de Jacques Lob, Jean-Marc Rochette e Benjamin Legrand, publicado originalmente em 1982. 

Todos os três trabalhos têm a mesma premissa, o planeta congelou e os únicos sobreviventes são os passageiros de um trem de luxo auto-sustentável, construído para resistir ao frio extremo que se encontra a terra.

As três obras usam a divisão de classes entre os passageiros para gerar uma crítica a sociedade moderna, a primeira classe é ocupada pelos ricos que investiram milhões no trem, e vivem cheios de mordomias, a segunda e terceira classe trabalham diariamente para manter o trem funcionando e há também os passageiros clandestinos na parte traseira do trem. Que vivem na miséria sem as condições adequadas de vida. 

Nosso protagonista faz parte justamente dos fundos do trem, Andre Layton (Daveed Diggs), está planejando uma revolução da mesma maneira que Evans estava no filme, pensando em cada detalhe que possa ajudá-lo a tirar as pessoas do fundo do trem. Cronometrando quanto tempo a porta permanece aberta, quando guardas entram em seu vagão e por aí vai. 

A personagem mais importante desta história chama-se Melanie Cavill (Jennifer Connelly), que serve como uma espécie de concierge para os ricos na frente do trem e como contato do Sr Wilford, o dito dono do trem. Ela que é designer e engenheira que construiu essa máquina que salvou a sociedade.

As séries de tv geralmente são sobre jornada, não sobre destino. Passeios de trem são sobre o destino, a maioria das pessoas embarcam em trens com a única intenção de chegar aonde precisa. Mas em Snowpiercer é interessante notarmos que o trem não tem destino.

Seus passageiros são os últimos vestígios da humanidade, salvos e condenados a vagar sem rumo em um trem que lhes permite sobreviver enquanto a Terra vive uma era glacial permanente. 

Como programa, Snowpiercer adota um conceito sólido, os desempenhos de seus atores são admiráveis, mas seu ponto fraco é a demora em engrenar essa série que começa num tom muito lento de narrativa.

A série está repleta de personagens de todas as características, com motivos variados, mas que se sentem separados um do outros. 

Alguns elementos dessa trama são interessantes por si só, mas geralmente ficam aquém do seu potencial. O mistério do assassinato que desencadeia os eventos da série é convincente no início, mas é resolvido muito rapidamente o que não contribui com uma tensão duradoura. 

O enredo central da revolução da classe fundista acaba sendo o elemento mais satisfatório da série e envolve duas das melhores reviravoltas do programa, mas as melhores partes dessa história acontecem em seus episódios finais da temporada.

Daveed Diggs faz um excelente papel como Layton, um ex-detetive de homicídios que é arrastado do fundo do vagão para os milhares de vagões a frente, afim de resolver esse assassinato. O ator dá a Layton um humor suave que um detetive precisa, e sua fúria mal disfarçada de um revolucionário também agrada.

Jennifer Connelly também é ótima como Melanie, a responsável por manter o trem em ordem do trem e uma personagem cheia de segredos. Sua atuação é imponente e digna de aplausos, já que é a personagem mais complexa da série, pois ela é responsável por defender o sistema de classes do Snowpiercer, ao mesmo tempo em que mostra claramente simpatia pela situação de seus cidadãos mais pobres, seu exterior gelado reflete o congelamento que rodeia o trem em todos os momentos. 

A cinematografia é nítida e fria, e embora os cenários não sejam tão impressionantes quanto ao visual do filme, é o suficiente para expor como a terra acabou em um frio apocalíptico interminável.

O ritmo lento do início faz com que Snowpiercer pareça um pouca chata e entediante no começo, mas em sua metade o ritmo acelera e seus episódios vão numa crescente ótima fazendos seus episódios finais serem fantásticos.

Nota Final: 4 / 5

A 1ª Temporada de SnowPiercer está disponível na Netflix.

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Recentemente a Netflix disponibilizou em seu catálogo a série O Expresso do Amanhã, que despertou interesse e acendeu um holofote sobre esta produção de 2013, dirigida por ninguém menos que Bong Joon-ho, ganhador do Oscar de melhor filme com seu último trabalho, O Parasita. Este também, foi o primeiro filme em inglês do diretor.

O cenário de abertura do filme retrata um mundo sofrendo com o aquecimento global e que resolve tomar uma drástica atitude de solução que mudará todo o planeta. Em uma tentativa desesperada de abaixar os altos índices de temperatura, são lançados mísseis como um composto químico chamado CW-7, que acaba desencadeando uma nova era do gelo, causando extinção geral de praticamente todas as formas de vida, já que os últimos sobreviventes estão a bordo de um trem bem peculiar.

Um dos grandes personagens deste filme é, justamente, o trem, pelo filme não dá para saber ao certo quantos vagões possui, mas é possível notar que é dotado de uma força gigantesca e um ecossistema autossustentável, capaz de suprir todas as necessidades de seus ocupantes (mesmo que não seja de forma justa). Seu trajeto é um loop por trilhos que ligam o planeta todo e tem a duração de um ano e as pessoas a bordo são divididas por classes sociais.

O desenvolvimento da trama se inicia nos últimos vagões, onde estão localizadas as pessoas miseráveis, que vivem em situações precárias e desumanas; seu líder é Gillian, (John Hurt, mais conhecido pelo seu papel de Olivaras em Harry Potter) que juntamente com seu aliado Curtis (Chris Evans) elaboram um plano para causar uma revolta e chegar a locomotiva, assumindo o controle do trem, uma tarefa árdua, já que todo o trem é fortemente armado.

Sem querer Curtis vira o comandante da revolta, acompanhado de Edgar (Jamie Bell) seu fiel amigo, iniciam o ataque que se intensifica quando os ocupantes dos últimos vagões percebem que os guardas estão com armas sem munição o que gera uma histeria coletiva. Todos os passos de Curtis não foram tomados em vão, na verdade alguém dos vagões superiores enviava mensagens secretas utilizando a distribuição de comida, e uma destas mensagens revelava a existência de Namgoong Minsu (Song Kang-ho), que é um especialista em segurança, capaz de abrir todas as portas do trem.

Namgoong é um viciado em Kronol (um tipo de droga alucinógena) e possui uma filha, também viciada. Com a promessa de receber a drogas por cada porta aberta, Namgoong vai permitindo o avanço do grupo, porém cada porta que se abre revela uma surpresa e aos poucos vai detalhando como é o funcionamento do trem.

O grupo consegue avançar bem e rápido, até um vagão anterior ao vagão de carga, onde acontece uma reviravolta e, a meu ver, uma das melhores sequências de cenas do filme. O vagão está repleto de pessoas armadas com machadinhas e facas, envolve soldados, oprimidos e membros do comando de ambos os lados, uma mistura de acontecimentos que muda toda a dinâmica do filme, são cenas de tensão e muita violência.

Após um embate fervoroso, a maioria das pessoas são instruídas a permanecer no local e um único grupo de destaque continua o avanço, este grupo é composto por Curtis, Namgoong e sua filha, Grey (Luke Pasqualino), Andrew (Ewen Bremner) e Tanya (Octavia Spencer), guiados agora por Mason (Tilda Swinton), após ser feita refém. Ao avançarem, Mason explica como todo o sistema do trem funciona e a importância de se manter um equilíbrio para que nada entre em colapso.

O grupo enfrenta mais alguns desafios e sofrem mais algumas perdas pelo caminho, mas Curtis consegue finalmente chegar a locomotiva e antes de entrar faz revelações impressionantes sobre seu passado. A abordagem não era como ele esperava, na verdade sua posição não é favorável, o que permite que Wilford (Ed Harris), o homem que comanda o trem, desenvolva um diálogo controlado; Wilford faz revelações sobre um sistema de equilíbrio bastante maquiavélico, fato que traz um conflito de emoções ao expectador, causando um estranhamento na consciência.

O final é cheio de ações empolgantes que fazem o expectador criar várias teorias ou se decepcionar com o desfecho. A verdade é que se trata de um filme de ficção científica muito bem construído, uma adaptação ótima com um elenco de peso e mesmo a história sendo uma linha reta, é possível notar as diversas histórias paralelas construídas ao longo do enredo. Então, minha recomendação é que leiam os quadrinhos, assistam o filme, vejam a série e se divirtam ligando tudo isso! E lembrem-se: “Todo mundo está em seu lugar, exceto você”.

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