Nascido em 25 de Janeiro de 1938, Akira Matsumoto (verdadeiro nome), é um mangaká e ilustrador criador de diversas obras (inclusive para a cultura pop ocidental). Seu trabalho tem características marcantes de um estilo pessoal no design gráfico e psicológico de seus personagens com tendências a dramas, tragédias e ópera espacial.

Fãs do mundo inteiro são adoradores do artista, por suas histórias de ficção científica que, para muitos, eram consideradas verdadeiras Óperas Espaciais, consideradas histórias com plots profundos, cheios de dramas, reviravoltas e tendo tons muito clássicos de ficção científica.

MAIORES OBRAS:

Interstella 5555: The 5tory of the 5ecret 5tar 5ystem

Talvez, a obra mais conhecida de Matsumoto no ocidente: filme longa metragem lançado em 1 de Dezembro de 2003, com animação franco-japonesa e produzido pelos criadores do álbum “Discovery” da banda Daft Punk, em parceria com ninguém menos que a Toei Animation (Cavaleiros do Zodíaco, Sailor Moon, Slam Dunk e One Piece são algumas das obras que formam o catálogo da produtora) e sob a supervisão de Leiji Matsumoto. Cada clipe do álbum foi animado como um episódio da história de sequestro e resgate de uma banda pop interestelar. O filme não possui falas, apenas efeitos sonoros e músicas, o que torna essa obra ainda mais genial.

O filme é completo em todas as faixas do álbum, que são: One More Time, Aerodynamic, Digital Love, Harder, Better, Faster, Stronger, Crescendolls, Nightvision, Superheroes, High Life, Something About Us, Voyager, Veridis Quo, Short Circuit, Face To Face e Too Long.

Captain Harlock e os Piratas do Espaço

A história é escrita sob um universo em que o mundo é futurista e bem distante, onde a Terra é um “Planeta Proibido” que não tem recursos suficientes para acomodar toda a humanidade. O comandante da nave espacial Arcádia, o Capitão Harlock, é um pirata espacial que ama a liberdade. Condenado à morte, ele começa a viver escondido. Aah! Quem não tem uma paixão platônica pelo Capitão Harlock? Personagem icônico do artista, aparece em várias obras de Matsumoto (dando início à um movimento chamado Leijiuniverse, onde várias obras do artista são interligadas) em outras perspectivas, outros universos completamente diferentes. Inclusive, na minha obra predileta do artista que vou acrescentar como um extra neste post.

Galaxy Express 999

“Antes da humanidade existir nesse planeta, as estrelas brilhavam no céu, muito depois da humanidade sumir, as estrelas continuarão a brilhar, enquanto vivem, os homens olham para o mar de estrelas e o considera seu próprio destino.”

Achei uma sinopse excelente, no blog Genkidama, e trouxe um pedacinho pra ilustrar a história dessa obra:

“Tetsuro é um órfão que tem como objetivo de vida conseguir embarcar no Galaxy Express 999, um transporte espacial ultramoderno cujo destino é a Constelação de Andrômeda. O motivo disso é que lá se situa o centro do Império Mecânico. Na época em que essa história ocorre, a tecnologia se desenvolveu ao ponto de que os seres humanos podem transferir suas consciências para corpos mecanizados praticamente indestrutíveis e, então, viver para sempre. Acontece que esses começaram a subjulgar os seres humanos e, por isso, os consideram como inferiores.”

Patrulha Estelar Yamato

“O ano é 2199, a Terra está sofrendo com as invasões e ataques do Império Gamilas, que força a humanidade a se refugiar em uma metrópole subterrânea, devido às armas de radiação. Mas a situação está rapidamente se deteriorando e dentro de um ano o planeta inteiro se tornará inabitável. Em meio a isso, uma mensagem misteriosa vinda dos confins do universo é captada pela base de Marte, contendo o método para a produção do “motor de ondas” e instruções que usassem essa tecnologia de viagem espacial para ir até o planeta Iskandar, onde conseguiriam um dispositivo que eliminaria por completo toda a radiação dos gamilanos. Para essa missão é escolhido um antigo couraçado utilizado na guerra de 250 anos atrás, o Yamato. E assim, o Couraçado Espacial Yamato parte em rumo a uma galáxia distante para trazer à Terra, dentro de um ano, a única e última esperança da humanidade! Reviva as emoções do maior clássico de ópera espacial criado no Japão, exibido nas TVs brasileiras na década de 1980, agora em um mangá de volume único na edição Prime.”

O mangá escrito e ilustrado por Leiji Matsumoto chegou ao Brasil em Março numa edição super especial trazida pela Editora NewPop, num volume único com 648 páginas.

Rainha Esmeraldas

Série de 4 episódios onde vemos interligação com o universo de Capitain Harlock. O obra conta a história de Queen Emeraldas uma nave pirata, que é capitaneada pela misteriosa e bela Emeraldas, uma corsária forte e poderosa. Na prática,a personagem é também conhecida como Queen Emeraldas ou Pirate Queen Emeraldas, assim, o título refere-se tanto para a capitã quanto para a nave.

A personagem Emeraldas teve aparições especiais em Captain Harlock durante alguns flashbacks. Ela também teve uma participação em Galaxy Express 999 no episódio Eternal Traveller Emeraldas que, mais tarde, foi transformado em um especial de uma hora.

EXTRA: Minha obra predileta do Matsumoto, Gun Frontier

Conheci essa obra do Leiji Matsumoto (que foi criada no ano de 1972) através da reprodução do anime pelo extinto canal de televisão Animax, lá pelo ano de 2010. E foi uma das experiências mais diferentes que já tive com um anime na vida, tanto pelo tom mais adulto e maduro da obra, quanto pelos traços característicos de Matsumoto que, na época, era uma grande novidade pra mim.

Essa talvez seja a obra mais “terráquea” do mangaká, mas, nem de longe a mais parada. É também uma das obras interligadas com o Captain Harlock!

A obra tem ambientação no antigo Velho Oeste (esse mesmo, dos filmes de bang bang preto e brancos) e conta a história de Tochiro e Harlock, que viajam pela “fronteira sem lei” (Gun Frontier) em busca de pistas ou possíveis sobreviventes de uma colônia japonesa estabelecida como Arroyo Samurai. A Colônia havia sido massacrada por uma sinistra organização chamada Dark Meister. Nossos protagonistas procuram os sobreviventes dessa sociedade, em especial a irmã de Tochiro, Shizuku, que é especialista em usinagem, grande inventora e forjadora da katana que Tochiro carrega. Assim, eles conhecerão Sinunora. Eles fazem alguns trabalhos para sobreviver (como por exemplo: assassinatos sob demanda e furtos) e viajam de cidade em cidade no ambiente hostil e indomável da fronteira sem lei.

Um detalhe da produção muito impressionante é que a dublagem desse anime é muito boa. Com aquele toque e interpretação antigo e nostálgico que todos amamos.

Acho que já deu pra captar o tamanho que Leiji Matsumoto tem para a cultura pop tanto oriental quanto ocidental. Por isso, ele é considerado um dos mangakás mais icônicos do japão. E aí, qual sua obra predileta? E se ainda não assistiu nenhuma dessas obras, que tal começar hoje mesmo?

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Sunny é uma comovente jornada de vida que retrata sobre a infância, abandono, imaginação, família, realidade e amadurecimento. Irei falar mais sobre este incrível mangá ao longo de nossa leitura.

Mangaká Taiyo Matsumoto.

Sinopse

Sunny (2010) retrata sobre a dura realidade de um grupo de crianças órfãs que sofrem com insegurança, revoltas e com o sentimento de que foram abandonadas pelas suas próprias famílias.

Os personagens desta encantadora e comovente história sonham e usam de sua imaginação para fugir da realidade dentro de seu porto seguro enferrujado, velho e quebrado carro amarelo, ou sendo mais específica, um Nissan Sunny 1200.

Modelo Nissan Sunny 1200.

Através dos personagens,  acompanhamos o otimismo, a inocência e a camaradagem dos órfãos que vão contra a melancolia de suas vidas, refletindo a experiência do próprio autor que cresceu em casas de acolhimento.

Sunny – Vol. 1 (Editora Devir – 2020).

Análise do Volume 1 (sem spoilers)

História e desenvolvimento

Na sua infância tinha algum local onde você vivia o qual considerava um porto seguro? Um lugar em que pudesse chorar, se expressar ou até mesmo usar de sua imaginação para fugir um pouco da realidade? Em Sunny acompanhamos a vida de um grupo de crianças que utilizam um carro velho de cor mostarda como um refúgio para expressarem seus sentimentos, seja eles bons ou até mesmos aqueles sentimentos mais dolorosos. Os órfãos também utilizavam da imaginação para esquecer a dura realidade. Para elas, o carro é literalmente um veículo para que fujam da realidade, das suas dores e dos pesos.

Este grupo de crianças órfãs moram em um abrigo chamado de Jardim Escola Hoshinoko (filhos das estrelas) e todos os dias elas esperam que seus pais voltem para buscá-las. Algumas já se conformaram com a situação de abandono enquanto outras mantém a fé e contam os dias para rever aos seus pais com alegria. Já outras crianças tem sentimentos mistos sobre poderem revê-los, como o Sei e o Haruo, que sofrem com a rejeição e com a solidão.

Cena do mangá de Sunny.

No abrigo chegam crianças de todos os tipos, idades e manias, porém o que as destaca são as suas individuais personalidades, em especial a de um certo garotinho de cabelo branco, boca suja, bastante inconformado, rebelde, inquieto, barulhento e que mesmo com tantos “defeitos” ainda assim é apenas uma criança tentando encobrir o seu lado ferido. Em um dos momentos, vemos Haruo falando em ter sido tratado como “lixo” pelos seus pais que o abandonaram.

Cena do mangá de Sunny.

Haruo é uma das criança principais da história a qual não apenas segue os demais “filhos das estrelas” do Jardim Escola, mas de certa forma também os adultos e os esforços que eles têm para tornar a vida destes pequenos um pouco menos um pouco menos dura. Os adultos que são responsáveis pelas essas crianças demonstram suas formas de amor e de atenção, apesar de ser dura a realidade. Eles realmente nos mostram sentirem preocupação e cuidado com cada um das crianças.

Cenas do mangá Sunny.

Aspectos Técnicos (gênero, roteiro, arte e tradução)

A história do mangá contém humor, drama, amizade e reflexões sobre vida; além de abordar sobre a esperança, família, amadurecimento e sonhos que é apresentada pelo autor com belos traços, sendo um verdadeiro gênero “slice of life”. No início da história, sentimentos levemente desorientados quanto ao o que acontece na vida daqueles personagens ou contexto daquele momento. 

Matsumoto desejou começar a história nos fazendo “cair de paraquedas” na vida dos personagens daquele abrigo infantil e junto ao seu novo integrante irmos nos familiarizando com as histórias, os dramas e dia a dia de cada um dos membros que é uma grande família. A partir disso,  a leitura se torna muito mais proveitosa, mais envolvente, dinâmica e com um gosto de “quero mais” ao final dos capítulos, principalmente ao ser um certo garotinho sofrendo pela rejeição. 

Outro ponto positivo da obra é a seu roteiro e tradução que além de boa, ela consegue se destacar por um fluxo dinâmico e confortável de falas. Em alguns momentos de falas e expressões, podemos ter a impressão que houve também algum tipo de localização. (quando algumas falas ou expressões são adaptadas para o contexto da audiência para que ela possa entender com maior facilidade a obra ou interagir melhor com ela. Um bom exemplo disso é a dublagem brasileira de “Yu Yu Hakusho” no processo de algumas falas). 

Considerações Finais

O primeiro volume de Sunny teve um bom e comovente encerramento, abrindo uma nova percepção para o personagem principal que de início poderia ser um dos menos carismáticos. Porém, este garoto de cabelo branco termina se tornando aquele com mais camadas entre os demais presentes neste mesmo volume da obra. Aguardo com expectativas e ansiosamente pelos aos volumes seguintes e a que rumos a história irá tornar.

Sunny é um mangá para os jovens e adultos, que conta sobre a realidade de crianças que vivem em abrigos e aguardam ansiosamente pelas suas famílias. A obra realmente nos comove e nos envolve com o drama de cada um dos moradores do Jardim Hoshinoko. Além de nos mostrar que até aqueles mais rebeldes sofrem e sentem falta do carinho e atenção de alguém especial mesmo essa pessoa sendo ou não de sua família.

Recomento demais a leitura de Sunny e para quem ficou com vontade de conhecer mais sobre está incrível história de Matsumoto, podem acessar o link, abaixo:

Curiosidade:

O entendimento sobre o que é o Jardim Escola pode parecer confuso para nós leitores de início mas para quem não entendeu como funciona os abrigos e orfanatos japoneses, recomendo a leitura dos artigos abaixo:

• Jido yogo shisetsu: a triste realidade da adoção no Japão: https://coisasdojapao.com/2018/01/jido-yogo-shisetsu-a-triste-realidade-da-adocao-no-japao/
• Adoção de Crianças No Japão | Curiosidades do Japão: https://www.japaoemfoco.com/adocao-de-criancas-no-japao/

Espero que tenham gostado da leitura. Falei apenas sobre o primeiro volume de Sunny. Outros volumes ainda estão sendo lançados no Brasil pela Editora Devir e voltarei para falar sobre cada uma delas. Se cuidem e até breve.

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