Sem spoilers. Leia Tranquilo.

Em que momento se passa Rurouni Kenshin: The Beginning?

A história do filme acontece em 1864, durante a guerra do Shogunato (ou Xogunato). Se você já viu os outros filmes de Samurai X, essa é a história antes de começar Samurai X, em que mostra o passado do Kenshin que o leva às decisões de ser um rurouni portando uma espada que não mata as pessoas.

No mangá essa história está depois do arco de Shishio. No arco da Justiça do Céu (arco do filme anterior) conta-se o passado do Kenshin para explicar sua história com Enishi, Yukishiro então esse filme é uma parte da história do filme anterior.

Esse momento é o período de guerras japonesas que precedem o início do Período Meiji, em que muitos lutaram para a derrubada do Shogunato (Era de domínio dos shoguns, confira mais sobre o início desse período aqui) e retorno de poderes ao Imperador. Se quiser emaranhar com outros filmes que falam de fatos históricos, essa história acontece antes do filme O Último Samurai.

Falando do Kenshin

Kenshin Himura está no meio da guerra ao lado dos Ishin Shishi (Leões da Revolução) que lutam pelo Imperador. Ele é um adolescente que decide se juntar às forças revolucionárias e criar uma era de paz para as pessoas. Ele não gosta de matar as pessoas, mas entende que isso é necessário. Desde que ele possa iniciar a era de paz e realizar somente os atos necessários para para trazer paz e felicidade às pessoas, ele está disposto a cometer assassinatos.

No meio de toda essa confusão, ele assassina os espadachins que estão do lado do shogun, inclusive aqueles que tem uma família. No meio desse caos um espadachim em especial consegue chamar sua atenção. Ele não tem uma habilidade peculiar com a espada, mas tem uma vontade enorme de viver por alguém que ele ama. Algo que Kenshin não entende. Engraçado porque ele diz que quer defender a felicidade das pessoas.

Falando de Tomoe

Tomoe Yukishiro é uma pessoa inocente que não tem relação nenhuma com a guerra. Não é uma espadachim e nem luta por um ideal. Sequer está dividida entre Shogun e Imperador. Ela é quem sofre o efeito colateral das ações de Kenshin, ela perdeu alguém amado. Kenshin rouba dela a felicidade que ele tanto diz querer proteger.

Movida pelo ódio, Tomoe decide se vingar de Kenshin entrando em sua vida como uma espiã para descobrir seu ponto fraco. Dessa forma acontece a coisa mais natural entre duas pessoas que se aproximam, elas se conhecem e descobrem mais sobre si mesmas.

Como a revolução muda a todos

Tomoe passa a entender mais sobre Kenshin. Conversando com ele em poucos momentos e através do que outros falam sobre ele, ela entende sobre seus ideais, suas motivações e quem ele é. Já Kenshin, que pouco confia nas pessoas, começa a sentir a diferença de ter alguém junto a ele e descobre o que é aquilo que ele diz que quer defender, que ele nem conhecia.

Durante esse caos que são as guerras, eles precisam fugir e se esconder. Assim eles passam os dias juntos com bons momentos, um nota mais o outro. Com isso ela deixa o ódio de lado e decide apoiar e proteger o segundo amor de sua vida. Ele, apesar de cansado, decide batalhar pelo final da guerra para dar as pessoas a felicidade que ele conheceu ao lado de Tomoe e que jurou proteger.

Diferenças de Rurouni Kenshin: The Beginning

Diferente dos outros filmes, essa história retrata o período de guerras antes do início da Era Meiji. Por isso os cenários são mais ambientados na antiga Quioto (cidade e áreas rurais ao redor) e retratam batalhas mais ferozes. Nos filmes anteriores tínhamos batalhas de sobrevivência e lutar sem matar, ou seja, lutas mais longas com mais foco nas discussões / sentido de lutar. Nesse filme temos lutas de matar ou morrer que ambientam bem o caos da guerra do Shogunato.

Se a intenção é matar, deve ser rápido e preciso para não ser morto num contra-ataque. A aplicação de uma técnica rápida e adequada para fazer bem o serviço. Se acontece um duelo significa que seu oponente tem uma ótima técnica e você está lutando com tudo que pode para não morrer e para matar.  Também pode acontecer um duelo para impedir que outro passe ou para abrir a passagem, mas se a morte não é imperativa, não existe motivo para matar.

Outra discussão abordada é o que acontece quando para mudar uma era uma pessoa precisa ser responsável por mortes e assassinatos, o que isso vai acarretar na vida de alguém. Esse ponto aqui é mais sutil, inclusive porque o filme é o desdobramento dessa discussão e da evidência da contradição das expectativas: luta-se por um mundo de paz para as pessoas no futuro, mas o efeito colateral dessa luta é tirar a paz das pessoas hoje.

A produção de Rurouni Kenshin: The Beginning

A produção mantém a mesma qualidade que já acompanhamos, com uma riqueza de detalhes sem igual. Temos uma boa construção do enredo com os fatos históricos do caos da época, como o incidente na hospedaria Ikedaya, a traição entre os Revolucionários, a fuga deles quando foram perseguidos. Os personagens históricos como Katsura Kogorou (líder da luta contra o Shogun), Kondou Isami (líder do Shinsengumi) e outras pessoas que fizeram parte do período estão representados dentro do enredo entrelaçados aos pontos chave da história japonesa. Inclusive os preceitos de matar ou não matar entre samurais fica bem encaixado na história de forma natural.

Claro que algumas adaptações foram feitas para aumentar a ação e juntar algumas pontas e da história de Samurai X, como a luta de Kenshin e Souji Okita dos Shinsengumi (a polícia que Hajime Saitou fazia parte antes da Era Meiji). Mesmo essa adaptação teve o detalhamento de destacar a doença de Okita Souji no filme. (Okita Souji teve tuberculose, contraiu a doença no período de guerras e lutou todas as batalhas até o final, mesmo doente.)

Conclusão

O filme finaliza a história clássica de Samurai X no formato live action enquanto traz detalhes históricos ricos no cenário, nos personagens e nos fatos bem entrelaçado à trama. O enredo traz discussões filosóficas de forma indireta sem ser enfadonho e retrata batalhas do caos de uma guerra entre facções sem discutir quem está certo e errado.

Temos uma demonstração de luta por ideias com o aprendizado de uma vida respeitando a história original do mangá de Rurouni Kenshin. Um filme de conclusão bem interessante já que faz do final O Começo.

Não perca!

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Em Rurouni Kenshin: The Final, depois de derrotar Shishio, 12 anos se passaram desde que iniciou a Era Meiji. Kenshin deveria aproveitar a paz que ele tanto lutou para que existisse, entretanto seu cunhado Enishi não concorda com isso.

Da onde vem esse cunhado? Kenshin casou no meio do turbilhão do Xogunato com Tomoe Yukishiro (anos antes da trama da história começar). No meio de uma batalha que aconteceu perto de sua casa, quando o assassino tentou matar Kenshin, ela entrou no meio do caminho e morreu pelas mãos do Kenshin (que lutava para matar o assassino, não ela – foi um efeito colateral, gente!).

Enishi, irmão da Tomoe, fica possesso de raiva com o fato e passa todos os anos seguintes em Xangai, se tornando líder da máfia e fisicamente forte com a força do ódio por Kenshin. Na visão dele, Kenshin matou sua a irmã o que fez ele sofrer muito e ele acredita que Kenshin tem que sofrer de volta. De que jeito ele decide fazer isso? Prejudicando a todos com quem o Kenshin se envolve. (O lance de ver a irmã tem nesse filme também, mas não vou spoilar – quem não conhece a história vai lá conferir!)

Vamos juntar todas as pontas de Rurouni Kenshin: The Final até aqui

• Kenshin matou a própria esposa no passado
• Era um assassino, hoje não mata mais
• Busca redimir as mortes que causou através da vida
• Enishi sofreu com a morte da irmã
• Ficou super forte com a força do ódio que sentia pelo Kenshin
• Acha que Kenshin deve ser punido prejudicando todos ao redor dele

O que é inesperadamente muito legal nesse filme aqui?

A gente vê que todos os filmes anteriores constroem o Kenshin desse filme. O aprendizado que ele teve com o mestre, valorizar a própria vida, o que ele descobriu com cada nova pessoa que conheceu nesse novo momento da vida … Tudo isso muda a forma como ele encara o que precisa fazer frente ao Enishi. Kenshin realmente acredita que merece algum tipo de punição, mas morrer (que é o que o Enishi quer) não é o caminho. Ele sabe isso devido a tudo que ele aprendeu nos outros filmes.

Já o Enishi vem de um outro lado. Ele sofreu com a perda da irmã. Sem nem saber como lidar com suas emoções, moveu-se na base do ódio e construiu sua vida com base somente em um único objetivo: fazer Himura sofrer do mesmo jeito que ele sofreu. Como ele acha que é o melhor jeito de fazer isso? Ameaçando a vida de quem está ao redor dele, causando pânico em todos que vivem no mesmo vilarejo que o Kenshin. Ele chama isso de justiça… e não entende porque é atormentado, porque não consegue alcançar a única coisa que pode lhe dar paz. Mas como ele vai alcançar a paz se ele espalha o pânico e o caos entre os inocentes da história?

O reflexo da filosofia de vida da pessoa na sua forma de pensar e nas suas ações são coerentes na trajetória do filme. E quando uma pequena coisa muda… tudo muda!

Além disso temos os companheiros de jornada, outros heróis da caminhada do personagem principal participando do roteiro. Cenas de batalha dinâmicas com armas e espadas que prendem a atenção. Diversas vezes Kenshin e os outros são cercados de inimigos! Como será uma luta de um contra vários?

Além de algumas misturas não programadas de fazer a gente se surpreender. Não é como se nada parecido tivesse acontecido antes, como é o arco de encerramento de uma grande história, os eventos precisam causar impacto. E causam!

Se você curte ação ou a história de Rurouni Kenshin (Samurai X), vale muito a pena ver. Caso não tenha visto nenhum dos lives ainda, melhor ver desde o primeiro filme para não ficar perdido na história. Para fãs vidrados que gostam da réplica da história, entendam que não tem como fazer a história inteira num roteiro de filme de 2 horas, mas… os grandes eventos estão lá! Apostem porque vale a pena.

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Todo mundo sente medo de alguma coisa. Não sentir medo é algo fora do comum, falta alguma clareza. Bebês não sentem medo de cair do parapeito de um prédio de 20 andares, falta conhecer o medo para saber que não se anda de qualquer jeito no parapeito do prédio.

O medo é uma ferramenta poderosa quando usada a nosso favor, pois nos protege de situações que podem nos levar (no pior dos casos) a perder a vida. Contra nós, o medo nos paraliza e não tomamos decisões ou atitudes que precisamos para que as coisas aconteçam.

Hoje, falando especificamente de Rurouni Kenshin, quero lembrar de quando Kenshin vai até seu mestre, Seijuuro Hiko, pedindo para ensinar a técnica suprema. De maneira indireta, também pede ajuda para superar o retalhador que vive dentro dele.

O momento que o retalhador desperta é no momento da batalha ao jogar todo o medo de morrer para longe. Foi uma ação necessária que surgiu de todas as situações ele enfrentou. Quem enfrentou uma situação real de risco de vida sabe que a ação muda completamente nesse instante. Se não houver a prática do aqui e agora (be here now), não é possível encontrar ações.

O medo de morrer paraliza, o retalhador precisou se livrar disso para se salvar e ganhar inúmeras batalhas. Ao não se preocupar com a vontade de viver, ele se torna tão frágil quanto o bebê no prédio, mas ganha a concentração total da batalha. Eis o problema de ser um retalhador para este personagem, ele não valoriza a vida (a sua e a dos outros), mas sua técnica é suprema.

Kenshin que está no meio do furacão interno de sentimentos não percebe, mas o mestre percebe o que acontece na primeira situação. Assim começa o ensinamento base da técnica suprema: não é possível aprender a técnica suprema, Amakakeru-ryuu-no-hirameki, sem desejar viver.

Um samurai precisa agir, para isso não pode ser dominado pelo medo de morrer. A primeira forma que Kenshin encontrou para resolver isso, foi sem valorizar a vida. Ao mudar sua maneira de pensar e tomar ações para outro caminho e perceber que isso não é efetivo, ele paraliza novamente. O medo de voltar a ser quem não se quer mais, o medo de trilhar o mesmo caminho que ele decidiu não trilhar.

Esse medo é tal que não o deixa agir como ou quando ele precisa. Ele tem noção das consequências de suas ações, mas não percebe o que tem dentro dele que provoca isso. Foram anos agindo dessa forma. Como o mestre o ajudou? Colocou ele de frente com o medo que ele ainda enfrentava (e não percebia) e o que precisava ser feito ao mesmo tempo. Ele precisa viver!

Ele pode morrer, ele precisa entender isso para ver que ele VIVE! Assim ele passa a valorizar a vida em suas ações, o seu brandir de espada passa a ter outra força, que não vem do abandono da sua vida, que vem da sua vida!

Você precisa mudar a essência do seu pensar para superar a si mesmo. Encarando de frente seus medos.

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Princípios são a forma de demonstrar valores. Outro tema também discutido em qualquer lugar do mundo.

Todo mundo tem valores. Se eles são bons ou ruins, se você concorda ou não concorda com o valor da pessoa é outra história. Talvez você não tenha nomeado seus valores e por isso diz que não tem. Você pode dizer que alguém não tem valor porque ele não faz o que ele diz, ou seja, ele não tem princípios. (No fundo ele tem, mas não aqueles que ele diz ter).

Em animes de samurai esse tema está sempre presente. O código de honra representa seus princípios e você vê que eles agem conforme suas regras. Quando eles não agem de acordo, deixam de agir com honra e por isso tiram a própria vida. Pode ser uma forma extremista, mas eles fazem valer até o final.

Isso não quer dizer que você não pode mudar. Kenshin, de Rurouni Kenshin, quando passa a ser andarilho, decide não mais matar. Honrou suas decisões até o final e ao mudar de ideia, honrou as novas ideias. Não precisa ficar com seus pensamentos presos em algo para sempre se não concorda. Nos momentos de reflexão, costumamos encontrar novos pensamentos e ideias que podem confrontar nossos valores. É preciso ter calma para decidir o que faz sentido para você, definir o que precisa ser mudado (valores? princípios? atitudes?) e seguir com o que você mais quer agora.

Os irmão Elric, de Fullmetal Alchemist, passam por situações que os colocam a prova várias vezes. A infância não permitiu que eles entendessem porque não se deve ressuscitar os mortos. Um tabu estabelecido que eles tentaram quebrar e “pagaram o preço”, como se houvesse uma conta a ser paga para quem quebra um princípio. Como você faz para recuperar o seu valor de volta? Seja em atitudes para desfazer o que aconteceu, seja para o valor moral (que comentamos no começo) que foi infrigido? Qual o preço de conseguir um corpo humano de volta? Quantas vidas? O quê…

Não parece fácil, não é? Falar de questões que criam ações podem ser simples e também podem não ser. Variam conforme a cultura, costumes e você. O que você quer, como você quer agir e o que te guia nesse caminho.

Se a sua ganância for maior que a sua preguiça, é capaz que você tenha atitudes muito mais em favor de fazer o que você quer. Se a sua vontade de realizar algo acima de qualquer coisa for maior que o seu respeito pelos outros ou pela vida, pode ser que você tome decisões  que tragam sofrimento aos outros e, por consequência, a você também.

É você quem decide o que vai guiar suas ações e como honrar seus princípios. As suas escolhas podem te levar para que você se torne capaz de fazer o que quer com satisfação e conquiste o seu coração de aço!

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