Terra Nil é um jogo que combina estratégia com desenvolvimento de ambientes e gestão de recursos, desenvolvido pela Free Lives e publicado pela Devolver Digital. O jogo está disponível para Windows,Mac, Linux, iOS, Android, Netflix e agora para Nintendo Switch, console usado para essa review, se você é uma dessas pessoas com burnout de animal crossing, Terra Nil será sua próxima obsessão. O jogo trás uma bela mensagem de preservação e de fato contribui com o meio ambiente, pois a Free Lives se comprometeu a doar 8% de todos os lucros para a Endangered wildlife trust, uma org comprometida com a preservação da vida selvagem ameaçada em nosso continente. Fico muito feliz em informar que é possível jogar em português.

Aqui temos a missão de pegar um mundo devastado e salvá-lo através da reabilitação do ambiente e seus biomas. Temos 4 biomas (polar, temperado, tropical e continental), cada um com suas próprias particularidades e necessidades para sua fauna e flora, é impossível aplicar a mesma estratégia para todos, e cada área vai precisar de uma atenção especial em certas quests, assim como a natureza na vida real, eu não posso esperar que o cerrado tenha a mesma dinâmica de um mangue, o jogo vai te colocar para pensar não só no visual de cada bioma, mas também em cada estratégia e como você lida com seus recursos.

O processo de revitalização é gradual, primeiro as máquinas vão ajudar a tornar as próximas etapas possíveis ao adicionar elementos mais básicos, depois vamos aos poucos trazer a flora da área de volta a esse ambiente, juntamente com a fauna, já que são interdependentes e combinando as duas teremos o equilíbrio necessário para manter a área sustentável, e em um terceiro momento, já com tudo estabelecido e funcionando, você vai embora, e leva todas as máquinas e qualquer outro recurso que mostre que estivemos ali em algum momento. Ao fim de todo o processo você terá um ambiente que parece nunca ter sido devastado.

Terra nil vai propositalmente limitar alguns feitos, pois algumas das missões de restauração são conflitantes, por exemplo, a missão para o Objetivo A exige uma temperatura que vai inviabilizar a execução da missão B. A palavra “limitar” te fazer pensar que essa pressão para fazer escolhas é ruim, mas é ai que você se engana. Ao te forçar a escolhe um dos dois caminhos, a personalização de sua área aumenta, você nunca vai ter uma área igual a de outro jogador. Essa “trava” também incentiva o fator replay, afinal, talvez você queira voltar posteriormente pra uma área com rumos diferentes.

Por falar em personalizar, o jogo se adapta a seu estilo de gameplay: quer algo mais calminho? Ok! Quer ser um reflorestador hardcore? Ok também! O jogo te deixa muito livre para escolher seus caminhos, desde que consiga alcançar o equilíbrio da vida selvagem local. Mas honestamente acho que esse jogo tem um público mais casual em mente, se você espera grandes aventuras e peripécias, talvez esse não seja o jogo para esse momento. Mas para meus colegas com mais de 600 horas de jogo em Animal crossing new horizons, esse é o jogo perfeito, embora tenham pegadas muito diferente, Terra Nil ofereçe uma experiência muito cativante e fascinante, é muito fácil perder noção das horas enquanto joga.

Os gráficos são bem bonitinhos, as transições são fluidas e bem bonitas, muitas vezes parei de jogar pra ficar apenas apreciando as paisagens que criei. E nada como uma boa música para melhorar o tom  contemplativo que o Terra nil oferece, a trilha sonora tranquila é extremamente agradável e casa lindamente com a arte e proposta do jogo.

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Como fazer isso? Precisamos limpar o solo, re-estabelecer os cursos naturais de água, estabilizar o clima,  desenvolver diferentes ecossistemas e nutrir a biodiversidade.

Além do aspecto reflexivo e ecológico, o game é um verdadeiro e relaxante quebra-cabeça. É uma boa pedida para quem quer distração e um pouco de calmaria, com uma trilha instrumental agradável e sons naturais aconchegantes. Não que você não vá se irritar com espaços teimosos que não foram alcançados por seus esforços. Mas o jogo não te pede para correr, muito pelo contrário.

Terra Nil será lançado ainda esse ano, mas nós jogamos a Demo para compartilhar essa experiência para vocês. Vamos com algumas dicas e observações?

Terra Nil: primeiros passos

O primeiro passo é implementar turbinas eólicas para iniciar o projeto de restauração. Elas captarão a energia necessária para os processos de limpeza das áreas. Além disso, as turbinas são construídas sobre rochas.

O próximo passo é adicionar as “Toxin Scrubbers” (Purificadoras de Toxina), responsáveis por uma espécie de detox em sua área de alcance. Assim, o solo é readequado para receber vegetação. Elas devem ser colocadas o mais distante possível das turbinas eólicas, aumentando o alcance da restauração.

Finalmente, as áreas verdes começam a surgir ao acrescentar irrigadores dentro da área desintoxicada. Nesse meio tempo, fique atento pois todos os aparatos e construções possuem alcance de determinado número de quadrantes- e é justamente aí que o puzzle está.

Porém, atenção: cada construção tem seu custo. Uma folha verde indica a “moeda” do jogo. Cada construção gasta, mas cada restauração nos garante mais pontos. Ou seja, a ideia é estabelecer um ciclo de restauração. Se você ficar sem fundos, não há o que fazer a não ser reiniciar sua tentativa de resolver o cenário. O jogo também te permite voltar uma ação (o que pode ser uma saída ao ficar sem fundos), caso você cometa uma escolha acidental ou algum passo não tenha fornecido o efeito desejado.

O verde não pode parar

E sem o azul não há verde. Aos poucos surgem novos aparatos para auxiliar na reconstrução das áreas destruídas e logo em seguida temos acesso a Bombas de Água, responsáveis pela restauração de rios. Os rios automaticamente restauram os quadrantes correspondentes a suas margens. Lembrete: tudo deve ser adicionado dentro do alcance das turbinas eólicas.

Entretanto, os Calcificadores não precisam estar no alcance das turbinas. Só precisam ser adicionados na margem dos rios. Seu resultado é desenvolver rochas, permitindo a adição de mais turbinas eólicas onde antes não seria possível. Assim contribui para o aumento da nossa área verde.

Além disso, nas construções de Classe I (os trabalhos primordiais de restauração e preparação) temos o “Excavator“. Esse aparato cria novos leitos de rio, porém intoxica as áreas adjacentes. Use com moderação!

Biodiversidade em Terra Nil

Como bem sabemos, a vegetação não é composta por um único tipo de ecossistema – e Terra Nil se dedica em deixar isso claro. Após as restaurações iniciais, é preciso cultivar a biodiversidade com as construções de Classe II – e é preciso alcançar a cobertura ideal de cada bioma.

• Hydroponium – Gera um pantanal. Deve ser construído sobre um irrigador, mas apenas aqueles que estejam próximos a cursos de água.
• Beehive (Colméia) – Gera polinização em áreas verdes, desenvolvendo flores de fynbo. Só pode ser construído em árvores, especificamente pinheiros.
• Arboretum – Usa cinzas ricas em nutrientes para criar florestas. Só pode ser construído sobre uma construção queimada. E como a gente consegue isso? Sim, colocando fogo em uma seção do nosso mapa. Um fogo controlado, usando um Dessicator.

Usar um Dessicator para começar um incêndio controlado tem alguns pré-requisitos.

1. A princípio: construir um Solar Amplifyer, que fortalece a luz solar em uma área. Isso torna um espaço propício para o início de incêndios;
2. Ter estabelecido um bioma de flores de fynbo.

Além dos citados desenvolvedores de biomas, a Classe II traz também a possibilidade de construir um Research Centre (Centro de Pesquisa), que diminui o custo e o dano de algumas construções.

Regulando o clima e a Reciclagem

Com a diversidade reinando, é a hora de reciclar. A Classe III de construções são focadas no gerenciamento e resgate de recursos, reciclagem de materiais, construções anteriores e prédios queimados. Assim, ficará apenas a terra reconstruída, sem as bugigangas que permitiram seu resgate. Nesse ponto do jogo é possível observar o reaparecimento da fauna em seus devidos biomas.

Também há uma seção especial para o gerenciamento do clima. Afinal, um dos grandes objetivos em Terra Nil é estabilizar a temperatura e umidade em níveis adequados. Estabilizando o clima, a terra consegue retomar os ciclos de chuva – e assim, naturalmente consegue restaurar áreas.

A ideia é a de retirar todos os indícios de interferência humana e deixar o ambiente agir por si só, livre como deve ser. Não pode ficar nenhum edifício, devemos dar um jeito de limpar TUDO. É uma parte bem interessante do puzzle do jogo e pode ser particularmente difícil se você estiver com poucos recursos. Fica a dica: você precisa estabilizar o clima antes de reciclar. Eu tive que reiniciar o mapa por ter deixado o clima por último, fiquei sem grana!

Apenas o começo

Por fim: Ao terminar a demonstração, Terra Nil nos apresenta a realidade – aquela era só uma porção da terra, totalmente devastada. É preciso re-estabelecer todos os outros continentes para, de fato, resgatarmos o planeta. A missão continua!

Quem aí ficou com vontade de jogar?

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