• Tempo de duração: 56 minutos
• Pauta: Raul Lima
• Arte da Vitrine: Lucas Máximo
• Edição: Raul Lima / Lucas Máximo

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SINOPSE

Suzu é uma estudante de ensino médio de 17 anos que mora em uma aldeia rural com o pai. Por anos, ela foi apenas uma sombra de si mesma. Um dia, ela entra em “U”, um mundo virtual de 5 bilhões de membros na internet. Lá, ela não é mais Suzu, mas Belle, uma cantora mundialmente famosa. Ela logo se encontra com uma criatura misteriosa. Juntos, eles embarcam em uma jornada de aventuras, desafios e amor, em busca de tornarem-se quem realmente são.

A DOR DA PERDA

Suzu é uma garota que passou por um grande trauma: a perda de sua mãe ainda muito nova. Quando perdemos alguém muito próximo é como se perdêssemos uma grande parte de nós mesmos. Suzu já não se sentia tão confiante em quem ela era e isso só piora. Quando descobre o mundo virtual de U, a garota vê uma oportunidade de se tornar outra pessoa, alguém forte e admirável.

Suzu cria então uma persona chamada Belle e, através dela, consegue fazer algo que não conseguia enquanto ela mesma: cantar. Belle logo é um sucesso, e Suzu se torna mais confiante, mas apenas quando está encarnando um personagem. Vemos isso frequentemente na internet como nós a conhecemos. As pessoas conseguem muitas vezes serem mais confiantes ao criarem alguém totalmente diferente de si mesmos dentro da rede. O filme explora muito bem isso, ao mesmo tempo que mostra que, mesmo que Suzu se sinta forte nesses momentos, ela não está pronta para ser ela mesma. Ou seja, seguir em frente é mais fácil quando você não precisa encarar suas dificuldades e dores. É mais fácil ser outra pessoa, alguém idealizado, alguém que você considera perfeito.

O REAL MONSTRO

Na história, temos além de Belle, o monstro, chamado também de dragão ou Fera. Mas diferente da Fera do conto de fadas, aqui a Fera não foi amaldiçoada, mas sim escolheu essa imagem para se mostrar forte (apesar de algumas características da pessoa serem transportadas para o mundo virtual). Por trás da persona do mostro, existe uma pessoa tão machucada quanto Suzu e é lindo ver como os dois se aproximam e tentam se ajudar. É difícil para a Fera, de início, deixar que Belle se aproxime. Mostrar suas fraquezas, ao mesmo tempo que mantem um exterior forte e, por vezes, hostil, é muito difícil. Admitir que se precisa de ajuda não é algo fácil de se fazer.

Além de ser alguém que sofre, a Fera, é perseguida pelo mundo virtual, assim como foi na história do conto de fadas. Ou seja, o mundo virtual se mostra tão perigoso e violento quanto o mundo real. Isso acontece na vida real, não só no filme ou na internet. Na internet, e no mundo virtual do filme, isso é ainda mais fácil de acontecer, pois aquelas pessoas estão escondidas atrás de um personagem, como muitos se escondem na internet para ofender e agredir alguém.

A FORÇA DE SER VOCÊ MESMO

Belle, além de uma animação linda, é uma bela jornada de amadurecimento e autoaceitação. As músicas são incríveis, o design de personagens, principalmente de Belle, é cativante e você se vê fã das músicas dela. É impossível não se emocionar com a jornada de Suzu e identificar-se com ela, além da Fera. Aliás, a história explorada sobre a vida real da Fera é muito importante e um tópico que foi desenvolvido de maneira bem sensível. Foi uma ótima surpresa para mim ao ver o rumo que a história estava tomando. Belle acabou me impactando muito e emocionando em diversas cenas.

Acho que a grande mensagem do filme é: somente sendo nós mesmos é que conseguimos tocar o outro. Somente quando Suzu aceitou a si mesma que ela conseguiu realmente impactar as outras pessoas e salvar a Fera. É difícil aceitar quem nós somos, nossas falhas, erros e acertos. Mas é somente encarando a vida com sinceridade que conseguimos enfrentar obstáculos e criar uma relação verdadeira com as pessoas ao nosso redor.

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