Sinopse: Derivada da vencedora do Emmy “Last Chance U”, contém a seguinte sinopse: Basquete é uma série documental que traz um olhar honesto e íntimo sobre o mundo do basquete universitário comunitário. Ao longo de oito episódios, os espectadores podem acompanhar o East Los Angeles College Huskies (ELAC) em sua busca pelo título do campeonato de basquete na Califórnia. Liderada pelo apaixonado treinador John Mosley, a equipe do ELAC conta com ex-atletas de alto desempenho que se esforçam para provar que têm uma última chance de realizar seus sonhos. Mas o sucesso do grupo vai ser posto à prova enquanto os jogadores lutam contra adversidades, demônios internos e emoções dentro e fora da quadra.

Depois de cinco temporadas mostrando o futebol americano universitário, a Netflix usou a mesma fórmula da série de sucesso Last Chance U para criar uma derivada focada no basquete, seguindo o East Los Angeles College em sua temporada de 2019 e 2020.

Last Chance U: Basketball foi criado Greg Whiteley e seus colegas diretores Adam Leibowitz e Daniel George McDonald; a série mostra jogadores talentosos que estão lutando para alcançarem o campeonato estadual que os posicionará para bolsas de estudo nas universidades de Primeira Divisão do país.

Como aconteceu na versão futebolística da série, muitos jogadores da equipe ELAC estão em um ponto crucial em suas vidas. Alguns frequentaram escolas de elite, foram expulsos de seus programas e estão desesperados por um caminho de volta para uma equipe em uma faculdade de renome. 

Alguns jovens passaram um tempo na prisão e estão procurando uma segunda chance para endireitar suas vidas. No caso do atacante Joe Hampton, ambas as situações descritas acima são verdadeiras. O primeiro dos oito episódios começa com a filmagem de um jogo em que Joe é repetidamente focado pela equipe adversária e fica tão frustrado com os árbitros que pede para ser retirado do jogo, sai da quadra como um furacão, levanta e joga um banco longe assim que entra no vestiário. É o tipo de explosão que veremos dele em mais de uma ocasião durante a temporada. A luta da personagem para evitar que suas emoções prejudiquem a equipe é frequentemente retratada, e não a só dele, mas a de todos esses jovens.

A quantidade de acesso íntimo que os cineastas dessa série têm é extraordinária, e eles a usam em seu máximo proveito. Eles não estão apenas nos jogos ou treinos cruciais, eles estão nas casas dos jogadores, nas salas de aula enquanto os treinadores assistentes os ajudam com os trabalhos escolares, e no sofá do técnico John Mosley enquanto ele assiste o vídeo do jogo quase adormecido. 

Os câmeras também estão nos momentos entre os dias de jogo e nos tempos limite reais, quase como mosquinhas seguindo os jogadores e o técnico por todo lado. Isso significa que quando o capitão da equipe Deshaun Highler corre para o banheiro durante o intervalo de um jogo decisivo, a equipe está lá para filmá-lo vomitando antes de voltar ao jogo.

Ao contrário dos documentários esportivos típicos, a franquia Last Chance U da Netflix é construída sobre as histórias de jovens que vivem no limite da sociedade, vindos de escolas ruins, bairros difíceis e marginalizados ou famílias quebradas. Conduzindo todos esses jovens em direção a algo semelhante à grandeza no qual está o treinador Mosley, que também pode ser chamado de treinador amoroso.

Mas em John Mosley, Last Chance U encontrou seu treinador ideal. Mosley estreou no ELAC, depois de ter treinado um time da Califórnia. Seu trabalho consiste em recrutar alunos rejeitados de outras escolas e dar-lhes a chance de desenvolver suas habilidades e ganhar uma bolsa de estudos em uma faculdade de elite.

Mosley oferece performances teatrais muito controladas destinadas a motivar sua equipe a sempre melhorar. Em uma cena, ele grita: “Tudo o que estou tentando fazer é que você consiga o que veio buscar”, depois esbraveja “Perdi o jogo do meu filho esta noite! Você está com raiva de mim por ter pedido treino extra, é meu filho, eu perdi o jogo dele!“

Durante a temporada de 2019 e 2020, quando as câmeras da Netflix o seguiram, este treinador foi abençoado com uma safra abundante de talentos, cada um com sua própria narrativa e a série soube aproveitar o máximo de oportunidades de contar essas histórias. Lá está Malik Muhammad, um gigante que faz coisas incríveis na quadra quando tem vontade. Há KJ Allen, um dos melhores jogadores de LA cujas notas assustam os recrutadores da faculdade. E há Joe Hampton, um ex-jogador da 1ª Divisão.

Mas o jogador para o qual a maioria dos telespectadores vai ver é o craque de Mosley, DeShaun Highler, cuja intensidade é igual à de seu treinador e que é visto gerenciando o banco durante os jogos. Ficamos sabendo que ambos têm um vínculo ainda mais estreito fora da quadra, quando a mãe de Highler estava a falecer de câncer, disse a Mosley: “Ele é seu agora”, uma ordem que o treinador parece interpretar literalmente.

Ganhar o torneio estadual é importante para Mosley, não apenas porque ele sabe que os recrutadores da faculdade olharão para seus meninos mais de perto se eles saírem vitoriosos, mas porque ele está prestes a ganhar o torneio mais de uma vez. Para todos os envolvidos com os Huskies, um título de campeonato assoma à distância como um Santo Graal potencialmente alcançável. 

E santo é realmente a palavra certa: como um homem de profunda fé cristã, as conversas de Mosley no vestiário frequentemente envolvem referências a Deus e Jesus. Alguns de seus jogadores são abertos quanto ao fato de não compartilharem de suas crenças, mas quando ele faz uma oração, todos inclinam a cabeça mostrando respeito. 

Last Chance: Basketball teria sido um excelente documentário esportivo em qualquer circunstância, mas o que o torna extraordinário é o fato de ter sido filmado durante a temporada de 2019 e 2020, o que significa que certos eventos da vida real colidem com a história dos Huskies. Podemos ver a reação à morte de Kobe Bryant, que atinge fortemente esses jogadores e a pandemia de coronavírus que eventualmente afeta a equipe, pois bem, levando a cenas comoventes na história.

Diante de uma situação frustrante e assustadora, os caras do ELAC Huskies provaram ser bastante resistentes. O que Last Chance U implica em cada episódio é sublinhado ainda mais por seu final, o que prova o que a temporada tem telegrafado o tempo todo: que o basquete e o esportes podem ensinar muito a uma pessoa.

A 1ª temporada de Last Chance U: Basketball tem dramas de cair o queixo, a equipe de filmagem captura tudo com perfeição. O nível de direção desta série é simplesmente incrível, às vezes, não parece um documentário por ser produzido a um nível em que flui tão bem que você pode facilmente confundi-lo com um drama real.

A 1ª Temporada de Last Chance U: Basketball está disponível na Netflix.

Nota Final: 5 / 5

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Ahiru no Sora começou a ser exibido no dia 02 de outubro de 2019 e sua primeira temporada pretende ser finalizada com um total de 50 episódios, na mesma semana da postagem deste texto. A animação ficou por conta do estúdio Diomedia (Domestic na Kanojo, Fuuka, Kantai Collection), na direção de Shingo Tamaki (Aho Girl). O anime foi uma adaptação da sua obra original, mangá escrito e ilustrado por Takeshi Hinata, onde é serializado desde dezembro de 2003 na revista Weekly Shonen Magazine.

Sua história gira em torno do protagonista Sora Kurumatani, um estudante do ensino médio com 1,49 metros de altura que deseja enfrentar as quadras de basquete, mesmo estando na clara desvantagem por causa de seu tamanho. No começo, Sora se muda para longe de sua cidade natal e entra na Kuzuryuu High School para poder ficar perto de sua mãe que está internada em um hospital desta cidade.

Sua mãe já foi uma grande jogadora de basquete nos seus tempos áureos, e seu filho Sora sempre foi inspirado a se dedicar ao máximo para poder se tornar um jogador tão bom e honroso quanto a sua mãe já foi. A altura é apenas mais um obstáculo para o seu sucesso, já que o mesmo tenta driblar esta desvantagem por se focar muito na velocidade de suas pernas e com foco nas cestas de 3 pontos.

O que aguardaria Sora no começo do seu ensino médio não era exatamente treinos e jogos para a disputa de campeonatos, mas sim vários problemas e desentendimentos com outros membros do clube de basquete desta escola, que eram um bando de delinquentes e praticamente desapegados ao esporte. Sora então se compromete a reerguer o time de basquete e a trilhar uma jornada que não será nada fácil.

A princípio, o que me leva a trazer este texto para o NSV é algo que andei refletindo nesses últimos dias que andei assistindo o anime. Se tem algo que Ahiru no Sora consegue fazer muito bem é de trazer o drama pra dentro de sua história e mesclar junto do esporte que atua como o gênero principal.

É natural e bem recorrente que histórias de esporte acabem pegando outros gêneros para trazer mais dinamismo à sua história, contudo poucos conseguem fazer o que Ahiru no Sora faz com o esporte. Em um outro texto que comento sobre animes de esporte, citei que vem se tornando bem comum que os animes deste gênero se prendam em uma estratégia clichê de “treinamento > campeonato > baque > treinamento > campeonato > glória”. Acontece que Ahiru no Sora pega um pouco disto, porém o usa de uma outra equação para a formula do sucesso de sua história. Esta é o DRAMA, que por  vezes se sobrepõe ao foco que era pra ser do esporte.

Chega de enrolar, pois vocês já entenderam que aqui neste anime, o drama é um ponto alto e também o catalizador do desenvolvimento narrativo desta série. Chego a comparar Ahiru no Sora com alguns outros mangás, como por exemplo “Rookies” e “GTO – Great Teacher Onizuka”. Esta é uma comparação bem leve e que se assimilam mais com a proposta de todos estas três obras citadas: a proposta de ter alguém na história que guie os delinquentes para o bom caminho da vida. No caso de Ahiru no Sora e Rookies é muito mais comparativo do que com o GTO, já que os dois primeiros citados se encaixam na mesma proposta e também é dado através do esporte em um clube extra curricular de uma escola do ensino médio; Ahiru no Sora com basquete e Rookies com beisebol.

Haikyuu, Major, Ace of Diamond, Hajime no Ippo, Megalo Box, Yowamushi Pedal, Initial D e muitos outros que eu poderia citar por mais alguns minutos de sua leitura. Todos estes já tentaram trabalhar o drama em algum ponto de seu roteiro, mas sem joga-lo como holofote já que o foco da história tem de a ir muitas vezes pelo mais óbvio que é o esporte — e fique bem claro. Não estou dizendo que Ahiru no Sora é melhor ou pior que todos estes citados em uma análise geral. Só estou enaltecendo o quanto ele trabalha melhor que os outros no ponto de encaixar o drama na história.

O que uma pessoa que procura um anime de esporte quer assistir? Ele quer ver jogo! Muitas partidas e desenvolvimento narrativo por escaladas nos campeonatos, com muita garra e esforço. Ganhar, perder, adquirir experiência, conflitos pessoais com indecisões e baques, momentos de tensões finais ao faltar poucos segundos para o ponto decisivo de uma partida; tudo isso e até mais compõem o que serve de base para um drama esportivo. Na maioria destes citados no parágrafo anterior descrevem muito bem a formula natural e mais básica para tentar pegar o público de maneira desprevenida, por mais que todos nós já tenhamos quase 100% de certeza quando o time do protagonista vai ganhar ou quando vai perder uma disputa.

Em Ahiru no Sora é um pouco diferente por trabalhar o seu drama como 50 a 50, dividindo com o basquete — Se o anime é de basquete, ele vai te mostrar um desenvolvimento por jogos de basquete, certo? Não necessariamente — Aqui em Ahiru, tem vezes que você cai na pergunta “tá! o anime é mais focado em desenvolver os problemas pessoais e sociais dos personagens em questão ou em desenvolvê-los através da gloriosa jornada trilhada no suor do esporte?”.

A resposta é: Os dois. Ahiru no Sora pega os problemas dos personagens e o usa como construção do backgrond para cada um deles. Te faz se importar com cada personagem do elenco principal da série. Ele te emerge para essa história e lhe proporciona momentos dramáticos nada forçado e muito jogado na fluidez de sua própria correnteza. As coisas fluem naturalmente para esta história. E claro, isso só foi possível graças ao belo trabalho do autor com esta história e com um roteiro que seguisse a linha dorsal de sua proposta.

Então o anime é mais focado no que acontece fora do esporte do que com o basquete mesmo em si? Negativo, o esporte e o drama andam lado a lado, como havia dito anteriormente — A ação de um é o gatilho para o reflexo do outro — quando algo acontece dentro da quadra, isso reflete na vida dos atletas. E toda ação feita fora da quadra também reflete (geralmente negativamente) nos momentos mais importantes da vida de cada um. Já viram algum anime de esporte que traz foco no desenvolvimento congruente do romance, sem parecer muito jogado de uma forma forçada? Talvez o mais próximo disso seja Major. Ahiru no Sora também trabalha este recurso da história com muito cuidado.

O coração chega a apertar nos momentos decisivos para os jogos de basquete, com aquela empolgação do “Vai ganhar! Vai perder! Ganhou! Perdeuuu!!… GANHOUUU!!!!”. O anime está em sua reta final e é uma boa hora pra dar aquela conferida, distribuída oficialmente pela Crunchyroll no Brasil. Garanto que não irá se arrepender. Dependendo, eu até penso em trazer um outro texto sobre o anime, apontando uma análise crítica e construtiva, levantando debates com os spoilers dos acontecimentos mostrados no anime. Mas, por hoje é só!

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