A nova série da Prime Video, Upload mostra uma versão refrescante e engraçada de utopia, onde os mortos não morrem, apenas são upados para um pós-vida programável.
Sinopse: Upload é ambientado em um futuro em que os seres humanos são capazes de “carregar” a si mesmos em sua escolha preferida de vida após a morte. Quando Nathan (Robbie Amell) encontra sua morte prematura, ele é recebido por Nora (Andy Allo) em sua versão do céu. Enquanto Nathan se acostuma a viver longe de seus entes queridos, Nora luta para permanecer trabalhando ao lado de Nathan após a morte.
Quando Nathan Brown (Robbie Amell) morre em um acidente de carro, sua rica namorada gasta seu dinheiro para que suas memórias e personalidade sejam upados em uma espécie de mundo virtual. Nathan que reside agora numa vida após a morte virtual descobre que esse mundo não é tão feliz quanto aparenta.
Esse mundo virtual gigantesco é coordenado por uma corporação gigante que luta com suas várias concorrentes para oferecer às pessoas uma vida após a morte o mais próximo da realidade possível.
Um dos muitos conceitos brilhantes da série Upload, é que o seu criador Greg Daniels (The Office) visualiza um mundo imaginário predominantemente capitalista. Quanto mais você puder pagar, melhor será sua vida após a morte virtual. Como a família de sua namorada é rica, nosso protagonista Nathan vive como os outros um por cento da população que tem o poder de pagar pelo melhor “mundo” virtual possível.
Esse mundo chamado de LakeView é gerado por computador e gerenciado pela corporação Horizen.
Nessa vida após a morte, os moradores podem girar um botão para ajustar as estações do ano da vista do lado de fora do quarto, quase como mudar o plano de fundo do seu smartphone.
Os buffets de café da manhã são cheios de guloseimas sem fim, mcdonald’s e burger king estão incluídos para quem quiser pagar, assim como a maioria das coisas nessa realidade virtual.
No caso de Nathan, sua namorada Ingrid (Allegra Edwards) controla seu orçamento e decide, conforme cada solicitação de compra chega à sua conta, se deve ou não pagar. Existem até maneiras de interagir com o mundo virtual e o mundo real. Nathan é orientado por Nora (Andy Allo), uma técnica de suporte ao cliente no mundo real.
Nora chamada de anjo nesse mundo pós-morte, serve como uma assistente pessoal e é capaz de visitar o mundo virtual com seu avatar temporário.
O ponto forte de Upload está nos relacionamentos formados por Nathan nesse mundo virtual, sua interação com Nora faz com que queiramos que os dois estejam na tela o tempo inteiro, e personagens coadjuvantes também têm seu espaço, seja seu novo melhor amigo Luke (Kevin Bigley) ou Dylan (Rhys Slack), morto há sete anos, mas ainda preso em um corpo de onze anos de idade e desesperado para crescer, esse trio fornece a maior parte das gargalhadas da série.
Ingrid pode ver e conversar com Nathan através de links visuais no seu computador, smartphone ou qualquer monitor conectado a rede. Essa interação é surpreendente, observá-los se aproximando, tentando se conectar através das telas, de repente parece familiar demais a atualidade.
Essa comédia é cheio de perguntas ponderadas e idéias desafiadoras, seus temas debatidos de plano de fundo vão sobre o significado da própria vida e da própria morte. Upload também pode ser comparado ao episódio de Black Mirror: San Junipero, que possui uma temática bem parecida com essa série.
Com o passar dos episódios, a série vai revelando suas diversas camadas. Romance e Mistério se juntam a trama, a deixando-a cada vez mais interessante de se assistir.
O momento mais sombrio da série ocorre quando Nathan começa a explorar os andares inferiores do hotel que ele mora de 10.000 andares que abriga os moradores de Lakeview, quando ele chega aos andares inferiores chamados de 2G com clientes que não tem condições financeiras de pagar pela parte luxuosa, o cenário que Nathan vê é desolador, quartos pequenos e cinzas, falta de comida, se os poucos dados acabam as pessoas ficam congeladas até o pagamento no próximo mês.
Finalizando Upload é uma série inteligente, divertida e reflexiva. Pode parecer um paradoxo, mas assistir a um programa de TV sobre um personagem que se sente confinado, desamparado e preso nesses dias de quarentena, em que muitos de nós compartilham esses mesmos sentimentos acabam sendo uma ótima maneira de escapar dessa realidade.
Nota Final: 4.5 / 5