The One: Uma Combinação Feita para Fracassar

Na última sexta-feira a Netflix disponibilizou uma nova série britânica de oito episódios em seu catálogo, “The One”. É uma história de futuro próximo, bem “Black Mirror”, em que uma mulher chamada Rebecca Webb (Hannah Ware) dirige uma empresa de encontros que pesquisa amostras de DNA para criar combinações românticas perfeitas com base genética. A empresa, chamada The One, é extremamente bem-sucedida e vale rios de dinheiro, e Rebecca se tornou uma espécie de líder religiosa, incentivando seus seguidores a pararem de apostar em relacionamentos e usarem seu serviço para acharem seu par perfeito.

Sinopse: Baseado no romance homônimo de John Marrs, The One traz como pano de fundo um futuro no qual as pessoas conseguem encontrar sua alma gêmea graças ao teste de DNA. Os cientistas descobriram que todos têm um gene que compartilham com um único ser humano e usam uma simples amostra de cabelo para determinar seu parceiro ideal. Desesperados pelo amor verdadeiro, milhões já fizeram o teste, e agora mais cinco indivíduos aguardam o resultado que vai mudar suas vidas. Mas essas associações genéticas são perfeitas apenas no papel, escondendo segredos chocantes e, em alguns casos, mortais. Uma escolha errada pode trazer problemas e decepções que nem a própria ciência é capaz de prever. Os relacionamentos amorosos nunca mais vão ser vistos da mesma forma.

Muitas pessoas são contra o The One, geralmente porque podem vê-lo separando famílias. Um dos cônjuges envia seu DNA, principalmente por curiosidade sobre a identidade de seu par perfeito e pronto, lá se vai o casamento. No programa, uma pessoa casada e feliz envia o DNA do cônjuge para mantê-lo longe da pessoa com quem está destinado e podemos apostar que essa ideia não vai dar certo.

The One é uma história adaptada do livro de John Marrs pelo escritor e produtor Howard Overman. Mas a maior parte desta primeira temporada é dedicada a uma investigação de assassinato, muito demorada por sinal, repetitiva e nada misteriosa. É tudo dramatizado e atuado com competência o suficiente para prender sua atenção, mas a atenção do espectador, não deveria estar no amor, nos casais que se combinaram ?

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Muito do enredo é dominado pela história de Rebecca e sua possível conexão com um corpo que acaba de ser descoberto no rio depois de um ano. Sabemos que ela é uma pessoa horrível, disposta a fazer qualquer coisa, incluindo chantagem para manter seu negócio funcionando. Mas ela é uma assassina? Há um policial em sua cola, é claro, assim como um sócio fundador da The One que misteriosamente abandonou o negócio.

A trama de assassinato parecia distrair as melhores qualidades da série. Queria saber mais sobre como funcionam as combinações, a está contada sobre a empresa é boa e melhoraria muito mais se tivesse menos Rebecca. E quando The One combina pessoas que não se identificam como LGBTQ com uma pessoa do mesmo sexo? Muitos questionamentos ficam sobre as combinações ao final da série.

Talvez eu me sentisse mais satisfeito com Rebecca se ela fosse um pouco mais como a chefe implacável sem escrúpulos. Ela não tem humor e não é exatamente o tipo de vilã de TV que transforma o mal em bom entretenimento. Ela é uma pessoa boa, mas com alguns relances de vilã.

Espalhadas por toda parte do planeta estão vidas individuais afetadas por essa tecnologia, incluindo um casal feliz que corre o risco de ter tudo isso perturbado ao perceber que não são os parceiros geneticamente destinados um do outro.

Essa é a narrativa do casal Mark (Eric Kofi-Abrefa) e Hannah (Lois Chimimba). Mark é um jornalista que está sendo usado por Rebecca, e Hannah é uma esposa preocupada que secretamente envia fios de cabelo do marido para o The One, apenas para ver se há alguém que ela deveria manter distante. 

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The One, portanto, parece várias histórias diferentes em uma, nenhuma delas totalmente satisfatória, perdendo tempo em um mistério que é consideravelmente menos provocativo ou oportuno do que o elemento principal da história: O Amor e as Combinações Humanas.

Há algo bastante profundo e potencialmente assustador sobre a noção de que a busca interminável pelo amor pode ser simplesmente respondida com informações em um pedaço de cabelo. Essa não é uma premissa 100% original, visto que algumas semanas atrás eu falei nesse mesmo site de Soulmates que está disponível na Amazon Prime Video, essa que por ser várias histórias antológicas, diverte mais e mostra mais possibilidades das combinações genéticas.

Graças ao grande apelo da Netflix, essa série provavelmente será mais assistida do que Soulmates. Mas em uma corrida de dois cavalos sobre dramas de combinações de DNA para achar seu amor perfeito, The One termina em segundo lugar.

A Temporada de The One está disponível na Netflix.

Nota Final: 2.5 / 5