“Love to Hate You”: O amor é uma guerra?

Olá, aqui é a Mell! Eu não costumo escrever sobre dramas cujo início eu não gostei  mas, resolvi arriscar, e aproveitei que a Netflix lançou todos os dez episódios de seu mais recente drama de romance coreano, Love to Hate You  e assisti tudo! Uma série que é dirigida por Kim Jung-kwon e estrelada por Kim Ok-vin, Teo Yoo, Kim Ji-hoon e Go Won-hee.  Mas não se preocupe, não tem spoiler, pode ler a vontade.

Sinopse

“Para uma advogada que odeia perder para os homens e um ator de primeira linha que desconfia das mulheres, o amor não significa nada – até que sejam forçados a namorar um com o outro.”

Sinceramente, eu quis parar de assistir Love to Hate You nos primeiros 20 minutos, achei mal executado a ideia que ele estava tentando transmitir, a apresentação de misoginia e sexismo no mundo, de uma forma um tanto quanto exagerada. A série segue a história de amor entre Mi-ran (Kim Ok-bin), uma jovem advogada com um talento oculto para artes marciais, que não se importa em tratar os homens como objeto, como ela mesmo diz “eles são materiais de pesquisa”, e Kang-ho (Teo Yoo), famoso ator de comédia romântica, que está cansado de atuar nesse gênero e quer participar em filmes e dramas de ação.

Ele não tem uma boa reputação com as mulheres com quem trabalha, por ter um comportamento extremamente machista, fazendo comentários degradantes sobre elas no mercado de trabalho e costuma repetir que as mulheres só entram em espaços para cortejar um homem rico, e só demonstra respeito por Mi-Ran quando ela mostra que não é como as outras garotas (o que é muito problemático em muitos níveis). Talvez seja essa abordagem em específico que me fez desgostar desse dorama que vem sendo tão aclamado e tendo críticas tão positivas, e na contramão da opinião da maioria, a minha primeira impressão de que não era tão bom, perdurou e explico o porquê.

Eu entendo que a perspectiva patriarcal não foi quebrada com a aproximação dos personagens principais, pois a atração de Kang-ho depende de Mi-ran provar ser especial, por ter hobbies não convencionais e comportamento diferenciado, como se o respeito ele tivesse que ser conquistado.  Acho muito curioso quando alguém fala “você ganhou meu respeito” como se respeitar o outro não fosse o mínimo que se deve fazer. Assim, em minha visão , “Love to Hate You” apenas reforça o sexismo, e se utiliza de desculpas  extremamente ridículas para justificar o comportamento de  Kang-ho, retirando sua responsabilidade por seus comentários arrogantes, humanizando -o  através de sua trágica história  e culpando de forma parcial  outras mulheres pela misoginia que ele pratica, (um verdadeiro show de horrores o episódio nove onde ele “explica”  como as mulheres em sua vida contribuíram para sua visão tendenciosa).

Mas, para que não me achem tão amarga, sim, a série tem pontos positivos, ao nos apresentar um debate sobre uma Coreia conservadora, explorando temas e assuntos pertinentes sobre machismo e independência das mulheres.  Suas subtramas relacionadas à lei denunciam disparidades reais na disparidade salarial e na cultura do local de trabalho na Coréia do Sul, como por exemplo, depois de saber que ela é contratada por diversidade como a única candidata do sexo feminino, Mi-ran se retira para o banheiro, desanimada e lamentando ter sido ingênua ao pensar que ela havia “superado todos aqueles homens”  É é um retrato comovente e fidedigno de alguns dos desafios que as mulheres coreanas enfrentam no mercado de trabalho E talvez, só talvez, eu esteja exigindo muito de uma série cujo papel é ser leve, e repleta de clichês, e isso, não posso negar: o drama serve o arroz com feijão das comédias românticas muito bem! Se isso é o que você procura, eu o indico. Para uma mulher que detesta perder para os homens e para um homem que não confia nas mulheres, o amor é uma guerra  e qual a arte  de vencer essa guerra ? Utilizando-me das palavras de  Sun Tzu, um general chinês “A invencibilidade está na defesa; a possibilidade de vitória, no ataque. Quem se defende mostra que sua força é inadequada; quem ataca, mostra que ela é abundante” e sem dúvidas, nossa protagonista soube atacar como ninguém.

A série está disponível na Netflix dublada e legendada em português. Você já assistiu ou tem interesse em começar?  Comenta aqui e estou aceitando indicações para explorar novas séries.

Ficha Técnica

  • Direção: Jeong-kwon Kim
  • Episódios: 10
  • País: Coréia do Sul
  • Gênero: Comédia romântica
  • Ano: 2023
  • Classificação: 12 anos