No clima de início das olimpíadas de Tokyo, hoje vou falar sobre Real, o título de esporte mais recente lançado no Brasil, escrito e ilustrado por ninguém menos que Takehiko Inoue.
Reconhecido mundialmente por grandes obras como Vagabond e Slam Dunk, Takehiko Inoue iniciou o mangá Real em 1999 e segue com sua publicação na revista Weekly Young Jump, sendo do gênero seinen e acumulando um total de 15 volumes até hoje.
Real conta a história de três jovens: somos apresentados inicialmente a Nomiya Tomomi, um rapaz de comportamento problemático (inicialmente) que, após um grave acidente envolvendo uma outra pessoa, mas que afeta diretamente a vida de Tomomi, abandona o ensino médio; Togawa Kiyoharu, um ex corredor que agora joga basquete em cadeira de rodas e Takahashi Hisanobu, o popular capitão do time de basquete da escola e que agora está paraplégico em função de um acidente.
Os três jovens representam personagens marginalizados pela sociedade, que são unidos por uma característica comum: o desejo de jogar basquete. Tomomi não tem expectativa de futuro, Togawa, com sua personalidade difícil, constantemente brigando com seu próprio time e Takahashi, que antes se via como um popular capitão, e que agora se vê incapaz de se mover do peito para baixo.
Real cria uma realidade onde os protagonistas da história precisam lidar as suas deficiências físicas e aprender a lidar com elas, além de sofrerem com a inferioridade psicológica contra a qual os personagens lutam constantemente. E, como não podendo deixar de ser, Takehiko Inoue cria uma realidade onde os seus protagonistas precisam superar barreiras psicológicas pouco a pouco.
Com personagens incríveis e histórias que parecem impossíveis, inclusive de personagens que nem são protagonistas (como no caso do Yamauichi), Takehiko Inoue nos apresenta à uma realidade totalmente diferente da de pessoas sem nenhuma deficiência física, e faz com que isso se torne marcante, sem capacitismos, sem exageros, apenas uma realidade diferente e que precisa ser discutida.
A obra traz discussões interessantíssimas sobre acessibilidade, não deixando nada a dever à grandes histórias hollywoodianas. Inclusive, conseguindo ser muito mais pé no chão, realista e visceral com cada personagem e suas histórias que merecem ser contadas.
Por fim, Real é uma das maiores surpresas que tive em 2021, comecei a ler sem nenhuma pretensão e fiquei muito feliz quando a editora Panini anunciou o seu lançamento nacional. O mangá já está em pré venda pela editora e eu recomendo para você, que quer crescer enquanto ser humano e enquanto bom leitor de bons mangás.
PS.: se você quer aprender um pouco mais sobre a realidade e vida de pessoas com deficiência, recomendo seguir o instagram do jovem Ivan Baron.