Sabe quando você se depara com uma obra e já sabe de cara a quê ela veio? Esse é exatamente o caso de Chainsaw Man (a parte 1, pelo menos). E, uma obra ser muito explicativa logo no início, nem sempre é muito bom. Principalmente se tratando de battle shounens.
Chainsaw Man nos apresenta um protagonista underdog, daqueles com uma vida bem miserável: ele tem uma dívida gigantesca com a máfia japonesa, deixada pelo seu pai que cometeu suicídio. E, para pagar esse montante de dinheiro, Denji faz de tudo, desde vender seus próprios órgãos, até matar alguns demônios que aparecem por perto e sob encomenda. Nesses trabalhos, sempre aparecem muitos perigos e muitos desafios, e, durante um deles, o destino do nosso protagonista é selado, tornando ele meio humano, meio demônio cabeça de serra elétrica. É isso mesmo, temos um ótimo plot de shounen.
O personagem não demonstra muito problema em fazer tudo o que faz por dinheiro, e nem demonstra simpatia por nada nem ninguém além de seu bichinho de estimação Ponchita, que na realidade é um demônio. E, seus maiores desejos são, de forma bem prática, ter uma vida normal, comer torrada com geleia e dormir com uma garota bonita.
A obra tem uma narrativa com um ritmo peculiar, as ações acontecem, a história está caminhando, mas você continua sem muita evolução com relação ao protagonista e os personagens ao seu redor. O protagonista afirma e reafirma os seus desejos por toda a obra, tendo um período um pouco mais profundo, mas sempre voltando ao seu bom e velho “vida normal, comer torrada com geleia e dormir com uma garota”.
O gore e a violência explícita são pontos característicos do mangá. Com um traço riquíssimo nesse quesito, Tatsuki Fujimoto (escritor e ilustrador da obra, bem como sua outra obra de sucesso Fire Punch) dá um show de detalhes viscerais que trazem à obra quase um ar de terror e suspense. O que contrapõe, e muito, com vários momentos em que o mangá tem traços muito simplificados, principalmente em seu início.
Outro ponto interessante tratado na obra é a loucura. Sim, tudo no mangá é louco, inclusive o próprio protagonista. A sensação é sempre a de que ele já sofreu tanto que, acabou perdendo certos pudores e sensos comuns. Em vários momentos você vê referências às obras literárias de H.P. Lovecraft, sendo inclusive os seus monstros/ demônios, baseados em medos do ser humano.
Por fim, cheguei à conclusão de que as minhas expectativas para o anime recém anunciado para ser produzido por ninguém menos que os estúdios Mappa, são bem medianas. Não consegui sentir uma grande afinidade com o protagonista e a história me pareceu, no máximo, interessante. O mangá está sendo lançado no Brasil pela editora Panini e já tem um bom número de fãs pelo país. Espero me surpreender com o anime e voltar aqui com as primeiras impressões que eu quero ter de um excelente anime shounen.