Saudações pessoas, bem-vindas de volta a nosso espaço de análise de mangás. Desta vez, faremos a review de uma das mais longas obras ainda em publicação no Japão, e que foi trazida no mês de julho pela Panini: falo de Jojo’s Bizarre Adventure, da autoria de Araki Hirohiko, grande clássico da Shounen Jump e que enfim dá as caras em nosso país num formato “bunkoban”, com maior número de páginas por volume (algo semelhante ao mangás de Legend of Zelda). Então, sem mais delongas, vamos a análise;
OBS: Como sempre, lembro a todos de que HAVERÃO SPOILERS DO MANGÁ.
Dados Técnicos:
- Título: Jojo’s Bizarre Adventure – Parte 1: Phantom Blood
- Editora: Panini/Planet Mangá
- Preço: R$ 29,90
- Roteiro/Arte: Araki Hirohiko
- Formato: 13,7 x 20 cm
- Acabamento: Brochura com orelhas
- Capa: Cartonada com verniz localizado
- Número de páginas: 312
- Papel: Off-set
- Lançado em: Julho de 2018
Sinopse:
Jonathan é o herdeiro único de uma notória família da aristocracia britânica, os Joestar. Tudo o que o jovem queria era ser um cavalheiro e viver de forma tranquila e despreocupada. Porém, seus pacatos dias estão para acabar, pois a chegada do “invasor” Dio Brando fará tudo virar de cabeça para baixo. Além de sofrer diariamente nas mãos de Dio, ainda há a presença sombria de uma misteriosa Máscara de Pedra…
Logo no início do volume somos apresentado a estranhas máscaras de pedra advindas da tribo Azteca, que conferem habilidades quase demoníacas ao usuário, e a um jovem chamado Dio Brando, filho do charlatão Dario Brando que, em um acaso do destino, “salvou” a vida do patriarca de uma rica família britânica, os Joestars. Em seu leito de morte, o pai de Dio, lhe manda ir para a residência Joestar, a fim de ser criado lá como pagamento da dívida que este tinha com o nobre.
Também, conhecemos o filho de Joestar, Jonathan, ou simplesmente Jojo, que após salvar uma jovem chamada Erina de dois arruaceiros, conhece Brando aquando de sua chegada na propriedade de seu pai. Este encontro acaba se provando caótico para o rico garoto, visto que Dio tem em mente o plano de destruí-lo para tomar para si a fortuna da família.
Com o passar dos dias, o plano de Dio começa a funcionar, e a vida de Jojo se torna um verdadeiro inferno. Desde espalhar boatos até mesmo roubar o primeiro beijo de Erina, que tornou-se namorada de Jonathan, Brando faz de tudo para tornar a vida de seu rival miserável. A disputa culmina em uma luta na mansão, onde Jojo enfim vence o rival, que se vinga matando o cachorro de Joestar, Danny.
Após uma passagem de sete anos, Brando se encontra na parte final de seu plano, envenenando o pai de Jonathan para conseguir se apossar de sua fortuna. Jojo acaba descobrindo a tramoia e temporariamente livra seu pai da morte iminente. Enquanto ele sai para analisar o veneno, Dio aproveita para pesquisar como usar a máscara de pedra (a mesma usada pelos Aztecas, e que estava em posse do pai de Jojo) para dar fim em seu rival.
Durante sua busca, Jonathan se torna amigo de um homem chamado Speedwagon, que o leva ao vendedor de veneno, e traz o mesmo para a mansão Joestar, onde o plano de Dio é exposto. Ao mesmo tempo, Brando faz um teste com a máscara, usando-a para matar um bêbado nas ruas de Londres, e descobrindo que o artefato, na verdade, transforma aqueles que o utilizam em vampiros.
De volta a mansão, Dio está para ser levado em custódia pela polícia londrina, e tenta atacar Jojo para ativar em si mesmo os poderes da máscara, matando o lorde Joestar no processo quando este tentou salvar o filho. O vilão consegue usar o artefato, e mesmo após ser alvejado por vários tiros dos policiais, ele renasce como um vampiro e massacra toda força da polícia.
Os dois rapazes entram em combate novamente, e para tentar derrotar Dio, Jojo põe fogo na mansão, usando um estratagema que pode acabar resultando na morte de ambos. Porém, sem medo algum de por fim na sua agonia, Jonathan cai do segundo andar da mansão com Dio, para dentro das chamas intensas do térreo, enquanto Speedwagon, impotente, apenas pode se desesperar por seu inevitável fim, sendo aqui que o volume se encerra.
Para começar, o impacto visual da obra é claramente evidente. Seguindo à risca o padrão utilizado nas obras de ação dos anos 80, Jojo’s Bizarre Adventure possui personagens (excessivamente em alguns casos) musculosos, com enorme força física e que utilizam de roupas de estilo vanguardista em seus vestuários. Apesar de obviamente datado, esse design representa bem o momento em que o mangá foi criado, bem como os gostos pessoais do autor (um declarado fã de moda e música oitentista).
Entretanto, deve-se também criticar o traço do autor. Mesmo com um interessante trabalho de iluminação nas cenas, especialmente noturnas, e com um bom detalhismo nas localidades, o design corporal dos personagens acaba parecendo exagerado em vários momentos, bem como todos possuem feições que em diversos momentos beira a inexpressão emocional. Não é difícil encontrar alguma cena mais triste onde Jonathan apareça fazendo a mesma cara que faria em uma situação comum.
O enredo da primeira parte é, em geral, simples e objetivo, fazendo com que a obra se caracterize por ter uma leitura rápida e (dependendo do gosto do leitor) prazerosa. O desenvolvimento dos personagens é mais acentuado em Dio e Jojo, mas há espaço para a apresentação e desenvolvimento de outros membros do elenco como Erina e o pai de Dio, Dario, ainda que possuam menor tempo de cena e influência pontual na estória.
Também cabe uma rápida comparação com a versão animada de Jojo, tendo o mangá um desenvolvimento maior na parte da infância dos protagonistas, bem como o uso de cenas explicitamente violentas e sem qualquer censura, o que intensifica um pouco o uso dos elementos de horror vistos na obra. Porém, a dramatização em excesso de algumas cenas acaba sendo mais notável na versão mangá.
Falando em Dio, ele constitui o grande atrativo deste primeiro volume. Calculista, inteligente e extremamente carismático, Brando rouba a cena de Jonathan com sua personalidade cruel e gananciosa, valendo-se de inúmeros atos hediondos para assegurar a atenção do leitor. Sua intenção de superar o pai, ainda que veja ele como a maior escória do planeta, dá o combustível para suas maquinações, chegando ao ponto de se fazer amigável ao rival apenas para enfraquecê-lo de forma mais sutil, mas ainda dando sinais de como realmente se sente sobre ele.
Já Jonathan acaba sendo o completo oposto de seu inimigo. Dono de uma personalidade bondosa, e uma visível ingenuidade, Jojo não possui o mesmo carisma de Dio e, ainda que aja de forma mais correta, seu jeito de ser faz com que poucos se afeiçoem a ele. Suas falhas óbvias de julgamento também não ajudam, e fazem com que ele possa ser visto como um grande “banana” pelos leitores, que acabam pendendo ao lado de Dio na escolha de um personagem favorito.
Por fim, cabe dizer que, mesmo que aja algum preconceito inicial em relação à obra, o trabalho de Araki constitui sim um entretenimento eficiente, tanto para fãs de obras oitentistas, como para pessoas que apenas busquem uma leitura descompromissada. Com um vilão marcante e um enredo que, apesar de não muito elaborado, prende o leitor, Jojo’s Bizarre Adventure apresenta um mundo único e situações pouco usuais em mangás da demografia shounen atual, garantindo uma experiência diferenciada (e porque não, bizarra) aos leitores que buscam algo diferente, do que estão acostumados a ler.
Apesar de não ser a parte mais interessante do mangá (muito por ser ainda um conjunto de experimentações do autor) , sua leitura vale a pena principalmente pela mesma introduzir o universo de Jojo e dar o ritmo a ser visto nas demais partes da obra. Como citei, uma leitura simples com um ponto de vista diferenciado, que criou uma das maiores franquias dos mangás japoneses.
Pontos Positivos:
- Enredo simples e objetivo;
- Leitura fácil e rápida;
- Vilão extremamente carismático;
- Notável trabalho de iluminação;
- Referências interessante à música e moda dos anos 80.
Pontos Negativos:
- Protagonista pouco carismático;
- Traço claramente datado ;
- Dramatização excessiva em algumas cenas;
- O design dos personagens pode incomodar alguns leitores;
- A simplicidade do roteiro pode afastar leitores mais exigentes.
Nota Final: 3.5/ 5.0
Lembrando a todos que tanto Jojo’s Bizarre Adventure como qualquer outra obra publicada no Brasil pode ser adquirida na Anime Hunter com desconto usando o cupom “NSV“.
Pois bem pessoas, termino aqui mais uma análise, como sempre pedindo para que deixem nos comentários suas opiniões, sugestões, críticas ou ódio gratuito. Aproveitem o texto, e até a próxima.