Começar um texto falando de um final é bem difícil. As primeiras palavras que eu escrevo são sempre “É isso” seguidos de uma vírgula e muitos minutos de reflexão. Me despedir de Skyward é, como bem disse Lee Garbett em suas considerações finais, fechar uma janela para o mundo da obra enquanto ela segue em frente com suas histórias malucas sobre uma garota que é, acima de tudo, corajosa.
O terceiro e final volume de Skyward já se inicia com uma das melhores passagens da obra, trazendo o que, para mim, é uma reflexão sobre o quanto a sociedade te pressiona a ter segurança e estabilidade em primeiro lugar, muitas vezes fazendo com que a ideia de seguir os nossos sonhos, alcançar o nosso céu, seja uma completa loucura que pode ser punida com a morte (no sentido metafórico de ser, claro). A obra trás uma crítica muito interessante nesse momento inicial (e eu estou falando apenas das primeiras páginas), quando aponta que nem essa “segurança” é tão segura assim.
Já deu pra entender que o volume já começa te dando aquele bom e velho solavanco? Mas calma que nem tudo são questões existenciais complexas (ainda bem). Após esse momento introspectivo com Willa, nossa protagonista, o volume caminha para fechamentos de ciclo muito bem desenvolvidos e como não poderia deixar de ser, cheios de ação.
Durante toda a obrade Skyward, Willa enfrenta tempestades assustadoras, insetos gigantes carnívoros, uma rebelião fatal e muitas tristezas, mas é chegada a hora de consertar a gravidade da terra e atender ao último pedido de seu pai: fazer com que mundo volte a ser como antes. E esse trajeto é escrito de forma espetacular pelo roteirista Joe Henderson, fazendo com que toda a dinâmica da obra entre em seu melhor momento nesse volume final.
É incrível como apesar de toda a movimentação, as tramas muito bem articuladas e montadas, o carisma de Willa é sempre um ponto que jamais é deixado de lado, a personagem tem traços muito reais e reflexões que nos fazem às vezes tirar o pé do chão e desejar voar, mas, em muitas vezes te derruba com força total em direção ao chão, e é pra doer mesmo.
Por fim, parece que me despedi daquela amiga sensata do grupo. Aquela, que sempre tem os melhores conselhos, mas que também tem umas histórias de deixar os cabelos em pé e de fazer você ter muita coisa pra pensar após o jantar da sexta-feira à noite com ela. Terei muitas saudades da obra e já estou animada para saber o próximo projeto que essa dupla (Joe Henderson e Lee Garbett) farão juntos e que Editora Devir trará.
Skyward é publicado no Brasil pela Editora Devir e tem sua obra completa em 3 volumes super especiais de páginas coloridas e material de excelente qualidade.