Os leitores de HQs estão normalmente acostumados a acompanhar histórias de super-heróis que acabam representando aquilo mais nobre entre nós. No entanto, em Incorruptível, acompanhamos o personagem Max Destrutor, um supervilão que decide seguir sua nova missão, aplicar a lei.
Incorruptível é uma série de quadrinhos americana publicada pela Boom! Studios. Escrita por Mark Waid, Incorruptível segue a história do ex-vilão Max Destrutor em sua jornada para se tornar um super-herói. O quadrinho é um spin off da história Imperdoável, também do escritor Waid, que segue a transformação do super-herói Plutoniano em um vilão. A série em quadrinhos foi lançada no Brasil pela editora Devir.
Sendo um quadrinho que representa a evolução de um personagem vilão tendo seus desafios para tentar se tornar um novo herói, o que chama a atenção é o universo apresentado na história, questionamentos e os personagens secundários que acabam rodeando a jornada de Max.
Incorruptível x Imperdoável
Não conseguimos analisar Incorruptível sem comentar sobre o quadrinho Imperdoável, focado no personagem Plutoniano que enlouquece e acaba virando um vilão após massacrar uma cidade toda. Por conta disto, temos a motivação do nosso protagonista em Incorruptível de virar um herói.
No entanto, Incorruptível funciona umbilicalmente como uma história gêmea de Imperdoável, ou seja, ambas histórias conseguem trazer grandes relações, como comenta Thiago Ribeiro no site Quinta Capa (2020). Imperdoável também está em publicação pela editora Devir no Brasil.
Análise do Enredo de Incorruptível
Mesmo seguindo uma trama menos reflexiva em comparação a HQ Imperdoável, ainda temos mensagens na história que fazem o leitor questionar as ações do protagonista. O leitor acompanha Max, que decide virar uma espécie de herói após ver Plutoniano enlouquecer. Assim, questionamentos sobre as decisões do personagem começam a surgir. Mesmo que Max busque agora fazer o certo, ele está disposto a pagar o preço por se tornar um novo herói?
Incorruptível consegue ser uma história envolvente ao acompanharmos a jornada de Max e os contratempos que ele passa para tentar salvar a cidade de Coalville, lugar atacado por Plutoniano. A redenção do personagem é envolvente e intensa, com um tempo certo de construção, onde o personagem vai precisar passar por grandes problemas para provar que mudou. E é claro que não é uma situação fácil, ainda mais para um ex-vilão.
Nos primeiros três volumes, além de Max, temos a apresentação de personagens que merecem ser citados como Ninfeta, a antiga parceira de Max, Alana, ex-mulher de Plotoniano, Annie, jovem que Max resgata e acaba se tornando sua parceira por alguns capítulos e Armadale, tenente do departamento de polícia de Coalville. Os personagens também são interessantes de acompanhar, onde os mesmos têm suas próprias motivações e problemas pessoais.
Waid consegue também construir uma ambientação muito interessante sobre desconfiança entre super-heróis, desconstruindo um estereótipo de “herói”, em que os mesmos necessariamente não estão apenas para o bem da humanidade e acabam praticando algumas ações duvidosas por interesses próprios.
Outro fator que merece destaque é o ataque virulento aos supremacistas brancos americanos que é demonstrado como os verdadeiros bandidos da história, conhecidos como Gangue dos Diamantes. A gangue entende a postura agressiva do Plutoniano como um motivo para eles perseguirem grupos étnicos. Podemos fazer uma ligação diretamente com declarações de cunho racistas que vivenciamos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra negros e hispânicos, como cita Ticiano Osório no site GZH Livros (2019). Esses atos e discursos acabam motivando discursos de ódio e até massacres.
Sobre a arte, a HQ Incorruptível foi lançada pela primeira vez em 2009, contando nos primeiros volumes com a arte de Jean Diaz, Belardino Brabo e colorização por Andrew Dalhouse. Acompanhamos então uma arte com um traço bem habitual do gênero de histórias de super-herói, sendo sólida, detalhista e robusta.
Mark Waid é um escritor norte-americano conhecido por seus trabalhos em séries como The Flash, Daredevil, Capitão América e entre outros. Assim, com as séries Plutoniano e Max Destrutor, o leitor possui uma boa oportunidade de acompanhar o que o escritor faz fora do eixo Marvel e DC.