Quando penso em Jogos remasterizados, já penso na obra original e imagino o que possa ser melhorado nela, mas The Eternal Castle Remaster colocou minha cabeça em parafuso, não só por seu estilo gráfico magnífico, mas também pela história que cerca a produção deste jogo, como um remaster de algo que não exatamente “existiu” possa ser tão bom?
Mas vamos começar pelo começo, Eternal Castle remaster é um jogo de ação e aventura, com uma narrativa bem cyberpunk, desenvolvido pela TFL Studio, e sua distribuição ficou por conta da Playsaurus, e está disponível para Pc (Microsoft Windows, Mac IOS e Linux) e para Nintendo Switch.
Se você está procurando gráficos em 4K, veio ao lugar errado, Eternal Castle te jogará direto nos anos 80, com gráficos pixelizados, criados com rotoscopia, e não lembro qual foi a última vez que vi um jogo em pixels tão lindo, os cenários se alteram de uma forma linda, os inimigos possuem riqueza de detalhes, e apesar dos pixel tornarem a ambientação magnífica, eles também geram um grande problema, a legibilidade, especialmente se você estiver jogando no switch no modo portátil, ou em um switch Lite. O jogo não possui grandes conversas com NPCs, tudo o que descobrimos é através de frases soltas com outros personagens ou em determinados cenários, e não conseguir ler algo pode te deixar perdido.
Mas e quanto a narrativa? Bem, a humanidade está expandindo seus territórios, e colonizando outros planetas por toda a galáxia, desta forma, os humanos conseguem coletar recursos, mas quem vai atrás destes recursos e faz o serviço sujo são as equipes chamadas “Unidades de colonização”, que vão para outros planetas e galáxias para cumprir sua missão, uma vez que seu dever é cumprido, elas retornam à terra afim de se preparar para seguir para outro destino e fazer tudo de novo, mas uma destas unidades volta para a terra e perde contato antes de ir para o espaço, e o jogador deve ir atrás dela.
Enquanto buscamos essa unidade, vamos explorando o planeta e vendo o que ele se tornou, e como dito anteriormente, a narrativa é bem cyberpunk, então é claro que temos um governo/corporação maligna controlando tudo e todos, desertores do sistema que vivem escondidos nas sombras, guerras, soldados buscando a manutenção do sistema vigente, e muita desigualdade social, como dito anteriormente, não há grandes diálogos com os NPCs, a história é contada aos poucos enquanto você explora o novo mundo, e essa dinâmica valoriza o mistério e instiga sua curiosidade, você não vai querer deixar uma peça desse quebra cabeças escapar, e você também certamente não quer deixar de explorar cada cenário.
E vamos falar sem rodeios? O jogo é lindo, os cenários são impecáveis, eu estava esperando gráficos mais travados, mas logo na cutscene inicial o jogo já mostra que faz bom uso de seus pixels, e cria uma atmosfera caótica, mas é impossível parar de olhar, as cores vibrantes podem confundir um pouco a princípio, mas logo você se acostuma, e estes tons vibrantes constroem produções visuais magníficas, que brilha ao lado da trilha sonora típica de Sci-fi dos anos 80/90, trilha que não está presente durante todo o jogo, em vários momentos é comum ouvir apenas o vento ou seus próprios pulos, mas quando a música aparece para dar o ar da graça (geralmente nas batalhas de chefe e momentos mais cruciais), ela brilha e te deixará vidrado da tela.
O principal problema do jogo está na sua jogabilidade, embora a narrativa não fale nada sobre habitar um planeta congelado, parece que o personagem se move no gelo, e isso gera uma imprecisão frustrante em seus movimentos durante toda a gameplay, isso acaba se tornando mais frustrante pois o game preza por uma movimentação mais “realista”, nada de super saltos ou super velocidade por aqui, e a imprecisão dos controles acaba por sabotar certos movimentos, o jogo conta com vários combates contra soldados em hordas, e é bem triste soltar o analógico e ver seu personagem lentamente escorregando pra morte por uma ação que você não executou; Esta imprecisão também dificulta a passar de determinadas partes, fugir de inimigos, coletar itens ou escapar em áreas que pedem mais agilidade. Alguns jogos dos anos 80 realmente possuíam essa falta de precisão nas ações, mas se essa decisão dos desenvolvedores foi proposital, não foi das melhores.
O jogo conta com várias referências a outros clássicos, você notará semelhanças com Castlevania, Prince of Pérsia, Limbo, tem até um chefe com uma movimentação característica de um certo inimigo de Super Meat Boy, se já jogou S.M.B, você se lembrará dele rapidamente,entre outras; E é divertido procurar essas inspirações na obra, mas enquanto jogava, fiquei encucada, porque nunca tinha ouvido falar deste jogo, será que deixei um clássico passar?
Fui procurar o original para ter um parâmetro do que mudou, e não encontrei nada, nadica de nada, nenhuma informação sobre este “Eternal Castle de 1987”, mas como um jogo poderia passar despercebido assim? Bom, na verdade o jogo original nunca chegou a existir propriamente, ele é um clássico perdido, que estava em desenvolvimento durante os anos 80, e chegaria para MS-DOS, mas nunca chegou. Então, como se faz um remaster de um jogo que nunca chegou? Bom, os criadores deste remaster se inspiraram no protótipo com o qual tiveram contato, e somando suas memórias as próprias ideias e referências de outros jogos, os desenvolvedores afirmam que Eternal Castle Remastered é bem diferente do material original, desenvolvido para ser o “jogo dos sonhos” como eles afirmam em entrevistas, e o próprio jogo trás essa ideia de estar em um sonho, quando você entende a proposta por trás, dá pra notar uma tentativa sútil de quebrar a quarta parede.
Eternal Castle remastered te proporciona uma viagem no tempo, é impossível não ser engolido por essa atmosfera retro e a narrativa vai agradar muito aos fans de histórias cyberpunk,
a cinemática é deslumbrante, mas como muitos jogos dos anos 80, a falta de precisão acaba gerando problemas contra os inimigos mais comuns. Apesar de ser uma aventura curta, ela definitivamente vale a pena, mas pra finalizar sem spoilers, digamos que o final do jogo é um grande incentivo para um replay.