Recentemente foi liberado ao público a demo do game Resident Evil 3 Remake e anteriormente também havia sido liberado a demonstração de outro Remake, Final Fantasy 7 Remake. Não estava com uma grande empolgação para esses games, houve uma época que vivia empolgado com trailers, vazamentos de informações e previas de games que eu gostava, principalmente continuações ou Remakes de jogos que eu amo, mas esse tempo passou, o chamado “Hype” já se tornou algo que tento afastar, em busca de obter uma visão mais crítica e analística sobre os meios que eu consumo. Ter uma visão pragmática sobre um determinado assunto pode ser essencial para se obter uma crítica de maior qualidade. Embora muitos podem argumentar que não existe imparcialidade e que toda crítica é valida, vale lembrar, que alguns críticas tem sim mais argumentos válidos do que outras e portanto maior valor na hora de apontar melhoras para uma obra, sendo narrativas como em livros ou em jogabilidades como em vídeo games.
Mas o que esse assunto tem haver com Demos afinal de contas ? Os Demos (Demonstrações) assim como os trailers de games, tem como objetivo principal promover esse chamado “Hype“. Embora o termo seja comumente utilizado para denominar um produto que gera altas doses de expectativa a verdade é que muitos que utilizam não conhecem o significado real de tal palavra. “Hype” é uma derivação da palavra em inglês Hyperbole que no Brasil se traduze como Hipérbole que significa exageração, em outras palavras dar mais valor ou menos valor a algo do que realmente tem, uma característica bem parecida com a supervaloração.
Muitas pessoas utilizam mau o termo dizendo que sentem muito “Hype” quando na verdade acabam admitindo que estão dando mais valor a um produto do que ele realmente tem. E é através desses princípios de Hype que o mercado funciona, através de seus trailers, comerciais, entrevistas e demonstrações querer que o produto vendido tenha muito mais valor do que realmente é. Não apenas querem te vender um produto, querem que você trate desse produto como algo essencial na sua vida. Promover o Hype não importa onde eu veja acaba sendo algo negativo, embora seja essencial no mundo das vendas promover o Hyper para si mesmo pode ser algo negativo para algum resenhador ou consumidor de jogos. Se você promove um Hype muito positivo existem chance desse Hype não ser atendido, se você promove um muito negativo existem chances de se irritar da mesma maneira mesmo com um produto que acabe sendo de qualidade. O Hype é uma sensação momentânea, por isso críticas de jogos em seus lançamentos sempre acabam sendo mais imprecisas. Uma semana para resenhar um jogo não te dará tempo de analisar toda a profundidade de um jogo que dura horas, nem perceber os nuances do desenho de níveis nem explorar com precisão todas as mecânicas e ainda por cima não da tempo de te tirar do sentimento de Hype, podendo ver de forma positiva um jogo inferior somente por ser uma continuação de algo que você gosta.
Os Demos assim como os trailers foram projetados com o objetivo de te gerar uma quantidade de Hype, por isso na sétima geração, com a conexão na internet dos consoles, uma quantidade gigantesca de Demos foi produzida. Eu me lembro de eu comprando um Xbox 360 pela primeira vez e não tendo dinheiro para comprar jogos, por isso passava horas e horas jogando as centenas de Demos disponíveis no console. Mau as empresas sabiam que isso poderia ser um verdadeiro tiro no pé. A intenção era criar uma adaptação da publicidade do cinema dos Trailer para os consoles, como o cinema é um meio áudio visual não interativo, apenas os trailers podem funcionar bem mas para passar uma mesma sensação no mundo dos games era necessário fazer com que o jogador no mínimo entenda sobre as mecânicas do jogo. Diferente de um filme o mais importante não é somente a experiencia áudio visual, a essência do jogo está na experiencia interativa. Um jogo bonito com péssimas mecânicas é um péssimo jogo. Por isso para manter o Hype sem risco muitas empresas preferiram parar com os Demos e assim enganar o consumidor com o Hype com mais facilidade.
Os jogos dos dias de hoje se focam em ser cada vez mais como filmes, criando cinemáticas próprias, gráficos bonitos e afastando o máximo do jogador do que é importante nos jogos que são a jogabilidade, mecânicas e desenhos de níveis. O consumidor fica iludido com o áudio visual a ponto de deixar o interativo como segundo plano. Por isso são se fazem tantos Demos, é necessário que o consumidor se perca na ilusão, experimentar a jogabilidade é perigoso para isso. O jogador fica cada vez mais afastado das mecânicas gerando uma ilusão de Hype prejudicial. O Demo é algo que entrega o jogador o real valor do jogo, não os trailers, não as entrevistas e sim o Demo. O jogador precisa experimentar o jogo de verdade para sentir e isso pode quebrar a ilusão de muitos jogos que se promovem mais pelo visual que pelo jogo em si.
Mesmo eu não estando em um Hype por Resident Evil 3 e Final Fantasy 7 ambos Remakes após experimentar seus demos e sentir sua jogabilidade criei certa expectativa do potencial de explorar tais mecânicas com mais profundidade nesses games, porém não posso dar um pensamento critico sem experimentar o jogo assim como ele é, já que Demos assim como peças publicitárias são lotados de ilusões para enganar o consumidor. Negar ao consumidor o Demo é negar ao comprador a oportunidade de saber com precisão o que está sendo vendido, por isso infelizmente , apenas alguns jogos que realmente os desenvolvedores acreditam no potencial de suas mecânicas tem seus Demos disponíveis. Não seja enganado pelo “Hype”.