INTRODUÇÃO
Digimon Story Cyber Sleuth Hacker’s Memory é um jogo de RPG lançado em 2017 que, como o nome indica, possui em si uma forte relação com o jogo Digimon Story Cyber Sleuth, que já falamos semana passada aqui na NSV, tendo conexões fortes em questão de narrativa, personagens, mundo, elementos, e até mesmo em jogabilidade, e não é pra menos, o jogo, assim como seu antecessor, foi produzido pela Media Vision e publicado pela Bandai Namco, além de levar consigo mesmo o nome da franquia Digimon, possuindo muitos elementos do jogo anterior e até mesmo da franquia.
Mas, Digimon Story Cyber Sleuth Hacker’s Memory não é um “copia e cola” do jogo anterior, muito pelo contrário, por mais que os dois jogos sejam sim, bem parecidos, eles possuem elementos próprios e diferenças, principalmente em questão de sua história, que assim como o jogo antecessor, é um dos seus pontos principais pontos fortes. Então vamos lá, chega de enrolações e vamos ao que interessa!
NARRATIVA
A história de Digimon Story Cyber Sleuth Hacker’s Memory se passa no mesmo mundo e no mesmo período de tempo que o seu jogo anterior, sendo essa história que está sendo contada, não uma sequência dos eventos da história anterior, mas sim uma “outra história”, com personagens que atuaram e até mesmo foram importantes para os eventos do jogo anterior, mas que não pudemos ver naquele ponto de vista. Sendo assim, o jogo propõe não só contar uma nova narrativa desse universo, mas também complementar ele e a narrativa do jogo anterior, explicando e concluindo certos pontos da história que foram deixados de lado, e até mesmo explicando como certos acontecimentos da outra narrativa de fato aconteceram.
O protagonista dessa vez não é o/a mesmo/a do jogo anterior, mas sim um jovem Hacker, que o jogo sugere o nome de “Keisuke”, mas assim como o jogo anterior, você tem total liberdade para mudar esse nome. A jornada de Keisuke começa quando ele tem sua conta do EDEN, que é um mundo virtual em que é possível fazer conversar e interagir com outros usuários, roubada em um ataque Hacker feito por Youji Shiga, sendo isso um grave problema nesse mundo, porque a sua conta do EDEN, seria o equivalente a um documento pessoal (Como um RG ou CPF). Depois de ter sua conta roubada, Keisuke recebe uma mensagem de K, um estranho Hacker mascarado que afirma estar disposto a ajudar Keisuke a conseguir achar o Hacker que roubou sua conta, e consequentemente, a conta de volta.
Ao procurar informações sobre como encontrar e quem é Youji Shiga, Keisuke acaba encontrando Ryuji Mishima, um poderoso hacker que lidera a Hudie, um grupo que resolve diversos casos e conflitos virtuais e reais que envolvem a rede e o EDEN, que ao entender as intenções de Keisuke, acaba aceitando-o em seu grupo, o tornando o mais novo membro da Hudie.
Além de Ryuji, há mais integrantes da Hudie, como a Erika Mishima, irmã mais nova de Ryuji, que, por mais que seja jovem e não saia muito de casa, é bem inteligente e experiente em hackear. Também da Hudie, temos como participando Chitose Imai, um amigo de longa data de Ryuji, que além de ser um hacker experiente, também é super amigável e simpático, adorando fazer piadas.
Durante a história e ao resolver os diversos casos, você acaba conhecendo mais dos personagens e da Hudie, não só como uma equipe e organização, mas também de sua importância para os personagens que a compõem. A história, assim como o jogo anterior, é dividida em capítulos, mas há alguns destaques que diferem um jogo do outro, e eu gostaria de destacar.
Keisuke, diferente do/a protagonista do jogo anterior, possui mais personalidade e características únicas de personalidade, e isso é de fato interessante, porque por mais que a gente ainda controle ele e as suas decisões, dá prá ver e sentir que ele é um personagem próprio, possuindo pensamentos e escolhas próprias, e de certa forma, sendo tanto o personagem do jogador, como também sendo o protagonista da sua própria história, um bom exemplo disso é a sua relação com o seu melhor amigo, o Yu, que é um ponto bem estabelecido na história, o’que eu quero expressar aqui é, mesmo que a gente controle e escolha as decisões do Keisuke, ele é um personagem próprio, com sua própria história e a sua própria personalidade, e pelo menos eu, considero isso muito bem vindo.
Outro ponto que eu quero destacar é, por mais que possa parecer óbvio, há ao decorrer da história a participação de diversos personagens principais do jogo anterior, como os personagens a energética Nokia, o misterioso e amigável Arata, o detetive Matayoshi, e vários outros.
JOGABILIDADE
Em Digimon Story Cyber Sleuth Hacker’s Memory, você precisará resolver diversos casos que são dados para a Hudie para poder prosseguir nos capítulos e acompanhar a história do jogo, ajudando todo tipo de pessoa possível, desde outros hackers, a até mesmo Digimons, que estão sofrendo algum problema relacionado ao EDEN, ou até mesmo um problema mais pessoal. Na maioria desses casos, será necessário a ajuda de Digimons, e para isso, você contará com a ajuda da Mei, uma misteriosa atendente que lhe fornecerá todos os serviços necessários em relação aos Digimons, ajudando o jogador a criar eles, cuidar, treinar e evoluí-los, para poder formar um bom time para enfrentar as missões.
Nas batalhas, o jogo segue o ritmo de um RPG de turnos, mas cada Digimon possui habilidades e características únicas e exclusivas,sendo assim, para criar um time bem forte e balanceado, é necessário saber equilibrar os tipos e atributos do time de Digimons.
A jogabilidade de Digimon Story Cyber Sleuth Hacker’s Memory é quase a mesma que o jogo anterior, sendo pouquíssimas as diferenças, sendo elas principalmente adições ou remoções de opções, devido às capacidades do novo protagonista, o Keisuke.
A principal mecânica que não é mais possível usar é o uso do “Connection Jump”, que era a habilidade única do/a protagonista anterior, que devido a situação do seu corpo naquele momento, podia transitar livremente pelo mundo virtual e o EDEN, um fato que, por mais que seja sim uma remoção, não sinto que fez muita falta, porque o jogo consegue contornar bem essa ausência, fazendo com que quase não faça falta ao todo.
Já sobre as adições ao jogo, há duas que valem a pena mencionar.
Primeiramente, agora está disponível o Digi Market, ferramenta essa em que é possível comprar Digimons no mercado negro. Sobre o Digi market, eu gostaria de destacar que, por motivos de história, ele nem te incentiva a usar ele, ou te pune por fazer isso, então é escolha sua se você vai usá-lo ou não, mas ele deixa bem claro que sim, ao você comprar Digimons, você está comprando a vida de seres digitais, que neste mundo são sim seres vivos e pensantes, então fica a seu cargo se você apoia esse tipo de mercado ou não.
Por fim, o outro destaque é um segundo modo de jogo, o Domination battle, nesse modo, em vez de lutar sozinho com seus Digimons, você luta em trio, contra outro trio de adversários, onde o foco não é derrotar o outro time em batalhas, mas sim conseguindo mais pontos em um tabuleiro, sendo o grupo que obter os pontos necessários primeiro vence a partida. O novo modo, por mais que não pareça pela descrição, é uma opção de combate que sinceramente, achei bem criativo e diferente, além de que ajuda a dar uma diferenciada nas batalhas, já que as mudanças nas regras são bem impactantes nesse caso.
TRILHA SONORA E DUBLAGEM
A trilha sonora, assim como no jogo anterior, tem um foco principal nos gêneros eletrônico e instrumental, e isso não é atoa, porque boa parte das músicas aqui são as mesmas do jogo anterior, mas não todas, ainda há uma boa parcela de músicas novas e até mesmo músicas do jogo anterior que foram remixadas para esse, e tanto as músicas novas quanto as remixadas, são bem mais carregadas no gênero de música eletrônica.
Sobre a dublagem do jogo, assim como o jogo anterior, possui uma dublagem somente em língua japonesa e seu elenco é composto em boa parte por um time que já tem experiência na dublagem de animes, por sinal, tirando os personagens novos, boa parte do elenco anterior voltou aqui nesse jogo, reprisando o papel que faziam no jogo anterior, ou seja, por mais que tenha sim vozes novas, boa parte do elenco ainda está presente, mas eu considero importante citar que, mesmo com esse retorno, a participação deles não é tão presente quanto a dos novos personagens, já que eles não são os protagonistas dessa vez.
VISUAL
Assim como o jogo anterior, a aparência do jogo é colorida e bonita, com os modelos dos Digimons sendo bem coloridos e detalhados, mantendo um foco na animação específica de cada Digimon. E também, assim como no jogo anterior, Suzuhito Yasuda, conhecido por trabalhar em diversos jogos e visual novels, além de ter um traço muito marcante, também trabalho no visual dos personagens novos, sobre isso não há nenhuma diferença muito significante na questão de visual, mas continuou destacando que eu acho o visual diferente do padrão de arte dado a Digimon, mas que ainda sim continua um traço bem agradável do visual.
OUTROS DESTAQUES
Um ponto muito positivo que eu não consegui falar até agora é, foram adicionados ainda mais Digimons disponíveis para se obter, tanto linhas de evoluções novas quanto novos Digimons, e esses novos Digimons possuem animações lindíssimas, principalmente as de seus ataques especiais.
Assim como no jogo anterior, Victory Uchida faz uma participação especial aqui, de novo ajudando o novo protagonista, fornecendo a ele itens raros e valiosos.
Também como no jogo anterior, há diversas referências, não só a franquia de Digimon em geral dessa vez, mas também do jogo anterior, o’que sinceramente, faz todo sentido.
Por fim, devido ao visual mais “padrão” de Keisuke, é frequente a piada de que ele é um “Mob” um “Qualquer um”, sempre fazendo piada do fato dele ser muito simples, e que nunca seria o protagonista de uma história ou algo do tipo, eu considero esse um outro destaque porque, por mais que seja um detalhe simples, eu sinto que é engraçado, principalmente porque dá a entender que o jogo faz piada de si próprio, devido ao Keisuke não ter um visual exagerado (Como o/a protagonista do jogo anterior, que usava roupas estilosas, coloridas, e com um cabelo vermelho), e também porque sim, ele é o protagonista dessa nova história.
POSITIVOS VS NEGATIVOS
Bom, os pontos positivos e negativos aqui são um pouco similares ao do jogo anterior, mas vamos dar um passo de cada vez.
Os personagens novos, ainda que sejam mais diferentes que os do jogo anterior, também possuem uma fórmula mais “anime” e “japonesa”, tanto em desenvolvimento, quanto em características e traços de personalidade. E repito, eu não estou afirmando que isso é um ponto negativo e que isso é algo totalmente desagradável, mas novamente se você não gostar desse ponto ou do estilo mais anime, ele não vai ser agradável aqui ou vai ser muito diferente do jogo anterior.
Assim como no jogo anterior o sistema de criação e cuidado dos Digimons é ótimo, mas novamente, ele pode parecer muito complicado e punitivo para os jogadores iniciantes, principalmente se você quiser ter o seu parceiro favorito o mais rápido possível.
Algumas missões, por mais que possuem mais diferenças comparadas ao jogo anterior, também sofrem o problema de serem um pouco repetitivas às vezes, o’que pode tornar a experiência mais desagradável.
Por fim, eu considero um problema que, por mais que ocorra, eu não consigo culpar o jogo por isso, pelo contrário, é um ponto que não sinto que seria possível contornar. O ponto é antes, no jogo anterior, já eram feitas diversas referências a mitologia e detalhes internos de Digimon, como a aparição dos Royal Knights (Os cavaleiros Reais) e de personagens exclusivos dos outros jogos de Digimon, mas eu sinto que esse problema se agravou um pouco porque, além de ter pouca explicação sobre isso, também a detalhes e referências diretas, e de certa forma até necessárias para compreender totalmente a história, sobre o jogo anterior, ou seja, para entender totalmente a história e todos seus detalhes, é necessário não só saber sobre alguns detalhes mais específicos de Digimon, mas também sobre o jogo anterior, o’que pode ser desagradável para quem for conhecer a série por esse jogo.
CONCLUSÃO
Digimon Story Cyber Sleuth Hacker’s Memory é um jogo que não só consegue seguir e manter todos os pontos positivos do jogo anterior, mas que possui claras melhorias neles, tanto em narrativa e personagens, como também nos detalhes, trazendo um novo modo de combate e uma variedade ainda maior de Digimons para se obter.
Se você adorou o jogo anterior é quer mais ainda, tanto para se divertir em uma nova história, sanar dúvidas que foram deixadas no jogo anterior, e rever alguns personagens bem divertidos e marcantes, a recomendação é fortíssima, e você não irá se arrepender. Mas, se você não jogou o jogo anterior, eu recomendo fortemente você conhecê-lo, porque com certeza ele irá determinar se você vai querer embarcar nesse novo capítulo ou não.
Digimon Story Cyber Sleuth Hacker’s Memory está disponível para Playstation 4, Playstation Vita, e para Nintendo Switch e PC na edição Complete edition, que junto dele vem o jogo Digimon Story Cyber Sleuth.