Ao começar um jogo, o que você pensa? Vai se divertir, será desafiado, conhecerá muitos personagens, e que a história seja algo marcante em sua vida, certo? Pois bem, Assassin’s Creed: Odyssey, game da Ubisoft lançado em 2018 responde todas essas perguntas e ainda é uma forma encantadora de mostrar um pouco de história.
Vou começar essa review fazendo uma indagação que ao longo de Assassin’s Creed Odyssey me fez parar por alguns minutos antes de responder:
“[…] se um homem mata outro para salvar muitos, suas ações podem ser consideradas justas? Ou deve o homem ser punido”?
Sim, essa figura, bem como outras, históricas que passaram pela franquia Assassin’s Creed deixam sempre uma marca no jogador. Mas talvez essa, em especial seja a que mais mexeu comigo ao longo de todos os jogos da saga.
Geralmente, NPC’s não fazem questionamentos ou te fazem parar e refletir, mas aqui amigo (a):
Prefácio
Assassin’s Creed Odyssey começa já com a batalha de Leônidas e seus trezentos diante do exército Persa de Xerxes em 480 A.C. Aqui, as mecânicas de combate são apresentadas e a história é contada com uma dramaticidade e você sente o peso de uma batalha que não pôde ser vencida pelos Espartanos. E é aqui onde conhecemos o item que viria ser importante anos mais tarde, a Lança de Leônidas.
História
Após um salto de tempo, em 431 A.C. Você pode assumir o papel de Alexios ou Kassandra, sua irmã mais velha. Ambos são conhecidos no jogo como “Misthios”, que em tradução não literária pode ser: empregado contratado (a) ou contratado (a). Ou simplesmente mercenário (a).
Muitos dizem internet afora qual seria o personagem “ideal” para começar a Odyssey. Uns defendem que é Alexios, outros dizem que é Kassandra. Eu, fui de Kassandra.
E é na ilha de Cefalônia (Κεφαλληνία), que jogador começa sua aventura. E me surpreendeu o fato de que ao longo de 5 horas após o começo do jogo, ao sair da Ilha, o logo da Ubisoft e o título do jogo estampavam a tela da minha tv. O que significaria que a estrada realmente seria longa.
Antes de sair de seu “lar”, Kassandra é abordada por Elpenor, que traça o destino da protagonista ao pedir para que ela vá atrás de seu pai. Nikolaos de Esparta, ou o “Lobo de Esparta” como é conhecido pelos seus comandados.
Fantasmas do Passado
Ao fazer isso, Kassandra não só viaja para encarar o fantasma de seu pai, mas também ao encontro de toda a sua família e do Culto do Cosmos, que tem ligação direta com a família de Kassandra. Ao encontrar Nikolaos, o jogador é colocado na primeira grande situação de escolha.
Ao finalizar o “primeiro arco” de Kassandra, você é levado mais fundo do mundo aberto do jogo. Ilhas e mais ilhas estão espalhadas para seu deleite, basta você ir explorar e ser feliz. Mas um conselho de amigo, faça isso com a dificuldade não nivelada, pois ao entrar num território como Beócia em nível baixo é morte na certa.
O que nos leva ao próximo ponto. A exploração.
Exploração em Assassin’s Creed Odyssey
Para começar tenha em mente que esse é o Mapa em AC Odyssey:
Já deu para reparar no quão enorme ele é, imagina você ter que navegar de Cefalônia até a ilha de Samos. Alguns lugares ficam fáceis de chegar por terra mesmo, com Phobos, seu cavalo que te acompanha durante a jornada.
Barco
Já por água é possível graças ao barco, que você adquire ajudando Barnabás e sua tripulação agora trabalha para você. E aqui eu tenho que destacar algumas coisas. Você consegue alterar sua tripulação a hora que quiser, tanto para o gênero masculino ou para uma tripulação feminina. Ou apenas manter a tripulação original do Barnabás.
Ao explorar o mar, sua tripulação cantarola músicas, vibram com Kassandra a cada barco derrotado. Na hora de abordar um navio que está prestes a afundar, Kassandra solta um grito para motivar sua tripulação que responde batendo suas lanças, pés e gritando prestes ao entrar em combate.
Além disso, skins de personagens famosos da saga, como a da assassina Evie de Syndicate e outros personagens podem se tornar seus tenentes marítimos e até mesmo te ajudar em combate em terra firme, através de habilidades que você libera durante o seu progresso.
Tenentes esses, que você pode simplesmente recrutar abordando personagens de forma que os atordoe e você simplesmente vai lá e os recruta. Cada um dá sua contribuição para o navio, seja melhorando o casco do barco, até mesmo o dano de flechas de fogo que sua tripulação dispara em combate.
Ikaros e Phobos
Por terra, você tem dois aliados, sua águia, Ikaros e Phobos, seu cavalo. E por ambos, você sente um carinho enorme, pois, um tem como função, ser seus olhos pelo ar, facilitar a identificação de itens, alvos e auxiliar atacando bichos. O outro, te leva por quilômetros quando é possível e você sente uma raiva enorme de quando ele é atacado enquanto você está nele. Felizmente, ele não morre.
Além disso, Odyssey coloca de volta uma função já explorada em Origins, a de domar animais. Ao usar flechar de atordoamento, você pode trazer os animais selvagens para o seu lado até quando você quiser, eles morrerem em batalha ao seu lado, ou simplesmente você pode liberar os bichinhos na natureza.
E conforme você melhora a habilidade de domar animais, mais espécies podem te ajudar. Mas vale dizer que, só vale um por vez. Não vá achando que você pode fazer a revolução dos bichos que não vai rolar.
Combate
Assassin’s Creed Odyssey não é fácil. Desde o Origins, o jogo teve uma curva de dificuldade em combates aumentada, e aqui não é muito diferente. Lógico que com o tempo, tudo pode ficar mais fácil, mas não significa que vai, graças ao sistema de nivelamento, o que isso significa Luiz? Simples. Conforme você vai aumentando seu nível durante o jogo, todos os outros inimigos serão do mesmo nível ou superior a você.
Na teoria isso é ótimo, já que isso significa que você não vai ficar forte sozinho, e garante um desafio maior quando você bate de frente com TODOS os seus oponentes, seja um lobo, até um capitão de acampamento.
E conforme você vai melhorando as habilidades, elas serão o fato decisivo para você ganhar uma batalha ou luta. Já que você conta com técnicas que podem tirar escudo de inimigos, usar elemento de fogo e veneno em suas laminas, que podem e vão, se acertada com frequências, ser a sua carta na manga diante de seus oponentes.
O arsenal que Kassandra ou Alexios podem usar no jogo é vasto. Um par de adagas pequenas, espadas (uma em cada mão também é permitido), lanças, bastões e machados grandes fazem parte do seu inventário.
Ou seja, quem molda a jogabilidade é você, não existe uma maneira correta de jogar Assassin’s Creed Odyssey, a não ser, a sua maneira. Seja abordando de forma silenciosa ou mesmo entrando em confronto direto.
Gráficos e Áudio
Eu preciso dizer algo aqui. Assassin’s Creed sempre foi uma saga com o visual estupendo. Mas aqui é diferente, tudo é elevado a uma potência insana no quesito visual. Por todo canto que você simplesmente queira ir, tem uma visão de encher os olhos, e sério, é de aplaudir a forma que a Ubisoft consegue trazer de forma fiel como era o berço da civilização moderna.
Estátuas, altares, templos, alto das montanhas, estradas que dão em bosques e visão para o mar. O próprio mar, que você simplesmente consegue ver a sombra do seu navio quando está em águas cristalinas. Ou até mesmo ao mergulhar em cavernas subterrâneas, onde os tubarões te atacam (rsrs de nervoso).
Áudio
O áudio do jogo precisa ser destacado, como brilhante. Eu comecei o jogo com a dublagem em PT-BR ao longo do começo do jogo, pude perceber duas vozes muito conhecidas entre os brasileiros. Ricardo Juarez, o Kratos dos dois últimos God of War fazendo o Rei Leônidas e Letícia Quinto, a Deusa Atena (Αθηνά) de Cavaleiros do Zodíaco como Kassandra (e sim, aos que tenham a dúvida, eu gritei SAORI, quando eu a ouvi pela primeira vez) e fiquei chocado ao saber que uma Deusa também fala palavrões.
Além do mais, todas as ambientações estão perfeitas, desde os passos de Phobos, aos cânticos da tripulação e os diálogos.
Eu jamais vou esquecer a primeira vez que mergulhei em alto mar, e simplesmente em meus ouvidos ecoou o som de uma baleia azul e eu a vi. Foi uma sensação diferente de tudo o que já vi em jogos de mundo aberto.
Missões secundárias e curiosidades
Aqui é onde mora o calcanhar de todos os jogos de mundo aberto para o Luiz, as missões secundárias. Mas aí, eu sou obrigado a invocar um dos memes precursores da internet.
Eu não tenho nenhuma crítica para as missões secundárias desse jogo.
Tudo o que se refere a missões secundárias em AC Odyssey é algo fluído e principalmente, não obrigatório! Isso aqui é de se aplaudir. Você vai, conversa com o NPC, ele te passa a missão e você simplesmente fala “fo*&#@$” não vou fazer. E está tudo bem. O NPC, na maioria das vezes Espartanos diz que você não é um Guerreiro de Verdade? Fala, mas quem disse que o problema dele é problema meu?
Brincadeiras à parte, Odyssey está cheio de missões secundárias, algumas podem ser repetitivas, mas vou falar uma coisa, todos os NPC’s têm suas próprias motivações. Não é algo que você vai ver sempre. Cada um tem o seu background para pedir algo para a Misthios, e você, com o sistema de escolha, pode barganhar se fará ou não, saber mais detalhes da razão por trás daquele pedido, cara, é fantástico.
Em todo o canto, aparece uma missão, e algumas são de cortar o coração, como a “Fazendo Amizades” da garota Khloe. Outras, te fazem pensar e muito, como as missões que envolvem Sócrates (Σωκράτης). Algumas engraçadas, pelo o que o personagem é, como Alcibíades (Ἀλκιβιάδης).
Além dessas figurinhas históricas citadas acima, temos também muitos outros, já que estamos falando de Grécia não é mesmo? Platão (Πλάτων), Heródoto (Ἡρόδοτος), Péricles (Περικλῆς), só para citar algumas.
Curiosidades sobre Assassin’s Creed Odyssey
É muito incrível como o mundo em Assassin’s Creed Odyssey toma vida ao entrar nele. Todos os NPC’s têm diálogos para serem ouvidos. Dentro de cavernas, durante explorações, itens podem e vão aparecer diante de você, o que torna prazeroso andar por aí em cavernas e explorar seus mistérios.
- O jogo tem um modo história, que simplesmente você entra de cabeça na Grécia Antiga e só tem uma missão, ver a história, literalmente ser contada na sua frente.
- Caçadas especiais são postas para que o jogador encontre animais lendários, se assemelhando e muitos, os doze trabalhos de Hércules.
- Fatos curiosos acontecem quando você está andando pelo mapa e começa a observar a vida no jogo, como por exemplo a foto a seguir que mostra algo bem peculiar.
Eu queria destacar como é sútil os relacionamentos em AC Odyssey. Para você que não sabe, é possível se relacionar com determinados Npc’s durante a jornada, e é impressionante ver certas linhas de diálogos, e suas reações podem ser das mais diversas. Mas sempre de forma sútil, ás vezes nem tanto, mas faz parte do flerte.
Sua relação com os Npc’s que Kassandra conhece ao longo do caminho, os torna importante para o jogador, você se preocupa, normalmente não recusa seus pedidos e faz suas missões secundárias sem titubear.
Kassandra e considerações finais
Como eu bem disse no começo do texto, eu escolhi Kassandra como a protagonista de AC Odyssey, e é tão gostoso quando você se importa com uma personagem forte, que ao mesmo tempo mostra seu lado frágil, humano, confuso (principalmente ao trocar uma ideia com Sócrates), não precisa sofrer com uma sexualização desnecessária para mostrar que ela pode ser, se ela, ou você quiser.
Kassandra, bem como Bayek em Origins, é um acerto em cheio da Ubisoft que precisava de um excelente protagonista desde a saga Ezio (pode discordar se quiser).
Eu só tenho que destacar um pequeno detalhe ruim durante minha experiência com Odyssey. O jogo por muitas vezes no Playstation 4 normal, dá uma leve travada, mas acredito que isso se deva ao fato de muita coisa ser gerada ao mesmo tempo. Tirando isso, minha experiência com Odyssey foi incrível e eu saio de sorriso mais que aberto, bem como foi com Assassin’s Creed Origins.