Sob o comando do diretor Aleksey Fedorchenko, o drama, A Guerra de Anna, traz uma perspectiva diferente sobre as crueldades realizadas na Segunda Guerra Mundial, a posição minimalista que a história assume, permite que tenhamos a consciência da grandiosidade dos males impostos a muitas pessoas neste período.
O filme já traz em sua introdução uma cena pesada, com Anna (Marta Koslova) emergindo do meio dos corpos de seus familiares de dentro de uma vala comum, após uma execução em massa, graças a proteção de sua mãe. Já nos primeiros minutos é possível notar o lindo trabalho de fotografia, que consegue passar a sensação da época.
Anna é resgatada, mas por medo da represália nazista seus benfeitores a entregam em uma sede de comando de guerra improvisada, Anna rapidamente escapa e se esconde de seus novos responsáveis; acreditando que Anna tivesse fugido, deixam de dar importância. Assim começa a jornada de uma garotinha de apenas seis anos em meio as brutalidades da guerra.
A princípio, parece ser só mais um filme de guerra, mas percebemos que no segundo ato tudo muda, assustada Anna se esconde na chaminé de uma lareira desativada, ela faz daquele pequeno espaço seu refúgio e busca se sentir protegida. O mundo a sua volta acontece como uma realidade paralela, com os dias visíveis para Anna somente por frestas na parede; durante as noites o prédio fica desabitado e isso permite que Anna possa sair e explorar.
Nos primeiros dias as buscas se limitam a suprir as necessidades básicas, sem comida e sem água Anna começa a viver em condições sub-humanas, isto desperta seus instintos de sobrevivência e permite que desenvolva várias habilidades para que ela permaneça viva. Nestas andanças noturnas Anna faz um amigo, o que permite aliviar a solidão.
Sem notar o filme vai nos envolvendo, não existem diálogos diretos e a trilha sonora é mínima, perfeitamente aplicada para despertar os sentimentos do espectador. A atuação de Marta Koslova como protagonista é simplesmente divina, mesmo sem falas é possível sentir toda a emoção que a pequena atriz transmite. Um dos momentos mais fortes e impactante é a música final, que é capaz de nos fazer ter uma consciência profunda sobre tudo que acabamos de testemunhar.
A Guerra de Anna é um filme lindo, que estreou no Festival de Cinema de Roterdã em 2018 e, em 2019 ganhou o Prêmio Golden Eagles de melhor filme, ganhou também o Prêmio Nika de melhor filme e melhor atriz, além de ser altamente indicado nas demais categorias. Este longa nos faz refletir sobre o que realmente é valioso para nós, além de demonstrar o quanto é importante manter a perseverança e não desistir de viver.