Visual Kei significa linhagem visual, ou estilo visual, e se tornou um dos carros-chefe da música japonesa durante dos anos 1980 aos 2000. Faz pouco tempo que a popularidade do gênero caiu, mas ainda manteve força suficiente para colocar algumas bandas em evidência e as mais tradicionais ainda lotam o Tokyo Dome ou o Nippon Budokan, lendários espaços de show no Japão.
Com origem na década de 1980, o movimento surgiu do excêntrico Glam Rock ocidental, com muitas influências de Kiss, T. Rex, David Bowie e Hanoi Rocks, mas com um pé fincado no Hard Rock setentista, como a guitarra marcante do Deep Purple no álbum ao vivo Made in Japan, e Rainbow, projeto quase solo de Ritchie Blackmore, com sua Fender Stratocaster.
O resultado dessa fusão gerou bandas como Dead End, Buck-Tick, X Japan e D’Erlanger, que são precursoras do movimento VK e que trouxeram visuais agressivos, cheios de laquê e toques de androgenia, o que nos remete a bandas como Mötley Crue e Twisted Sister.
O X foi além. Adicionou elementos do Heavy Metal, com baterias rápidas e cheias de grooves usando dois bumbos, enquanto as demais, mesmo com muito peso, ainda mantinham fidelidade às influências sonoras, porém com toques mais melódicos, presentes na música tradicional japonesa, como o Enka.
No fim da década de 80, o X Japan e o Buck-Tick já haviam se consolidado como grandes bandas, com a primeira assinando contrato com o selo americano Atlantic Records, e a segunda sendo a banda de VK pioneira a lotar o Tokyo Dome. Ao mesmo tempo, YOSHIKI, baterista do X, resolve usar o selo independente a Extasy Records, o qual foi criado para lançar as primeiras demos da banda e que foi uma porta para descobrir e produzir novas bandas do gênero. A iniciativa de YOSHIKI foi decisiva para a efetivação da cena VK, revelando bandas como Luna Sea, Zi:Kill e GLAY.
O estilo se consolidou no início dos anos 1990 com as bandas L’arc-en-ciel e Malice Mizer, a última tendo forte influência da cultura vitoriana e gótica, as quais contribuíram para desvincular um pouco a imagem do Visual Kei do Metal, já que todas acabaram usando uma linguagem mais pop em suas músicas. Na época, o recém-descoberto GLAY, abandonou o gênero que pouco tempo depois, adotando visual menos chamativo.
Do meio para o final da década, surgiram La’cryma Christi e Pennicillin, que junto ao Malice Mizer, dominaram a cena e geraram muita influência em bandas que ainda viriam, como Pierrot e o La’Sadies que, mais tarde. mudou o nome para Dir en grey. As bandas voltaram a investir pesado no visual e algumas chegaram a deixar de lado a qualidade musical. Também nesse período, o Luna Sea entrou em hiato e acabou encerrando as atividades em 2000. Também o X Japan, em 1998, seguiu o mesmo caminho devido à morte do guitarrista Hide.
O gênero recolheu-se ao underground até 2003, quando o Dir en grey lançou o polêmico álbum VULGAR, que abusa de elementos bizarros (destaque para o clipe de OBSCURE), e optou por estilo mais pesado, bem próximo ao Nu Metal, que estava em alta na época, bem como as bandas Girugamesh, The GazettE, Alice Nine e D’EspairsRay, que trouxeram toda a bagagem do rock ocidental, além da clara influência do VK noventista.
Hoje, mesmo não tão em alta, com o crescente do J-Core (estilo de bandas como SiM, coldrain, Crossfaith e MAN WITH A MISSION), grupos como Versailles, The GazettE, MUCC e Dir en grey, ainda se mantêm em alta com lançamentos de extrema qualidade. As novatas Nocturnal Bloodlust e DADAROMA têm demonstrado relevância no cenário mainstream que vale conferir.