“Nada é por acaso”. Provavelmente o leitor já deve ter escutado isso em algum lugar. Se até mesmo existe motivo plausível sobre o porquê o céu é azul, então não seria diferente quanto aos mangás serem preto e branco.
Na verdade, nem todos os mangás são preto e branco, aliás essa característica não é obrigatória, tanto que existem versões impressa 100% colorida como, por exemplo: Junko Mizuno no Cinderella-chan, escrito e ilustrado por Junko Mizuno, publicado pela Koushinryou e logo mais tarde deu as caras no Brasil, trazido pela Conrad em 2006.
Agora, imagine a seguinte situação: uma edição japonesa com cerca de 300 a 600 páginas e todas elas pintadas? Pois é, não digo que é impossível, porém o preço seria lá nas alturas e sem contar que o tempo de produção/entrega seria muito mais prolongado. Então a razão principal dos mangás serem no formato que conhecemos hoje é:
Preço
Primeiramente, voltando ao passado e deparando com o cenário pós Segunda Guerra Mundial, haviam poucos recursos materiais e financeiros para sustentar os trabalhos. Desse modo, cada setor foi forçado a se adaptar conforme as necessidades da época. Então pensando numa estratégia rápida e barata, os desenhos foram distribuídos no papel jornal e tingido de preto.
A leitura de mangá é um hábito bastante comum no Japão, isso justifica a enorme variedade de temas abordados, não excluindo nenhuma faixa etária. A ideia é espalhar o conteúdo em todas as dimensões do país de forma acessível, inclusive atingindo o público mais jovem.
Distribuição e Prazo
Geralmente, o mangá é criado exclusivamente por apenas uma pessoa. Juntando o fato que os títulos são lançados semanalmente (mensal ou trimestral dependendo da revista), o artista precisa entregar por volta de 30-40 páginas por mês!
Mesmo na divisão dos trabalhos com os assistentes, um se encarrega de preencher as áreas escuras, outro em detalhar o cenário, por exemplo, ainda assim o prazo é curto. Por isso não é de se espantar se ouvir relatos de mangakás sem comer, pois precisam entregar até o prazo da impressão.
Tradição e Arte
De volta ao passado, as raízes do mangá vem da época Nara por meio dos primeiros rolos de pintura conhecidos como emakimono. Basicamente, os emakimonos relacionavam o desenho e o texto à medida que o papel se desenrolava. Após várias reformas, o emakimono finalmente adotou no estilo próprio japonês, o conceito se difundiu progressivamente a ponto de se tornar o marco estético que vemos atualmente.
Por fim, para manter o “charme” das artes preto e branco. E não só por isso, isso fez com que os mangakás aperfeiçoassem suas técnicas convencendo o público que mesmo sem as cores, é possível dar vida às personagens e construir profundidade nas histórias.
Quer saber ainda mais sobre os mangás? Então vale a pena conferir este post
Aproveitando que a pandemia ainda não acabou, segue algumas sugestões de leitura .
Boa leitura !