Recentemente fiz um texto falando sobre a perspectiva de amor em Yagate Kimi ni Naru, agora irei analisar sobre o sistema, o “Projeto Yukari”, e os sentimentos dos personagens de Koi to Uso (Love and Lies) mostrando como o amor não é simples e fácil de se lidar, ainda mais com questões políticas envolvidas.
Antes de tudo, dar uma relembrada do que é o anime, a história se passa em um Japão do futuro, onde existiam problemas com a taxa de natalidade, assim foi criado um sistema que pré-define seu par “perfeito” pelo resto de sua vida ao completarem 16 anos de idade. Logo acompanhamos Yukari Nejima que é apaixonado por Misaki Takasaki, sua amiga de infância, mas o sistema do amor não os fazem deles um casal, tendo Ririna Sanada como sua pretendente.
O sistema “perfeito” do amor
O anime atribui um valor enorme nas escolhas dos personagens, mesmo tendo um sistema governamental, ele mostra como cada um lida ou lidou por conta dessa regra social. Primeiramente, vemos que a liberdade de escolha no amor não existe, pois não importa se você passa sua infância inteira até o começo da adolescência com uma amiga de infância, se ela não demonstra ser seu par “perfeito”, haverá outra que será. Vemos no anime que muitos são gratos por esse projeto, sendo que os pais de Yukari são felizes dando uma importância disso existir, assim como os amigos dele que falavam sobre ser bobeira, mas ao designarem seu par, demonstrou satisfação por ter alguém do lado.
No entanto, se levanta várias questões, como se eu não amar essa pessoa designada ou então eu não me encontrar ainda preparado para ter um relacionamento, ou seja, existem vários fatores que até certo tempo de nossa época era visto como algo sem importância e em Koi to Uso mostra um pouco disso.
O triângulo amoroso
O triângulo amoroso: Yukari, Ririna e Misaki são os personagens focados no enredo, acompanhamos como cada um lida com esse sistema e com seu próprio amor pelo outro. Yukari foi um dos sonhadores que iria se casar com Misaki, no entanto o sistema o bloqueou, fazendo se aproximar de Ririna, uma garota que ele jamais tinha visto, só que ela apoia com clareza e bom senso a relação dos dois, Yukari e Misaki, no entanto vemos a pressão que é a questão política e familiar tem, já que essa ideologia vem dando certo e em apenas alguns casos se dá algum erro.
Por parte de Misaki vemos que ela ama Yukari, mas não deseja ter nenhum relacionamento oficial ou algo do gênero por respeitar esse “Cupido” da sociedade. Já Ririna, como havia dito antes, apoia a relação de Yukari e Misaki, mas vemos que seus sentimentos não são controlados, assim como de todo mundo, e começa a se apaixonar por Yukari, tendo um porém, reprimindo esse novo sentimento. Já que ele deseja correr atrás de Misaki, no entanto Ririna parece ter potencial de virar um sentimento importante para ele, além de que o sistema escolheu ela como seu “par perfeito”.
Yusuke Nisaka
O único personagem masculino que ganha uma atenção a mais e que fica fora do triângulo amoroso, pois vemos que seus sentimentos tem algo de especial ao Yukari, mesmo já ter anunciado que namorou, só que não viu nada de mais nisso. Se vê que ele tem interesse ao personagem principal, seja amoroso ou não, na obra não é oficializado seu gênero sexual, mas pode-se analisar hipoteticamente bissexual por já ter tido relacionamentos com o sexo oposto e, atualmente, procura algo pelo Yukari. Vendo ele assim, vemos que esse “Projeto Yukari” entra em algumas questões que não pensaríamos, como o Nisaka será feliz com um par que pra ele, não será “perfeito” ou então o quão importante isso é, por não ter a liberdade de poder escolher. Se for ver bem é uma discussão que vemos forte no nosso mundo.
Motoi Yajima e Kagetsu Ichijo
Um dos casais que já teve experiência, positiva e negativa com o “Projeto Yukari”. Em primeiro caso, eles foram um casal apaixonados, na qual eles passariam em cima de tudo e de todos para continuar esse relacionamento, no entanto, quando foi declarado o par de Ichijo, ela menciona que deixaria essa bobagem e viveria pelo resto de sua vida ao lado de Yajima, só que ele apenas não falou se gostaria de continuar, dando esse final aos dois. Atualmente ambos trabalham para o governo como parceiros, dando as informações para quem foi convocado ao projeto e em um episódio vemos que o arrependimento de Yajima é claro, falando que teve a oportunidade, mas tinha medo do futuro, assim mentindo para Ichijo, que no presente é feliz com seu parceiro designado, diferente de Yajima que mal vê sua esposa e leva essa culpa dentro de si.
Conclusão
O anime é bem forte quando se aprofunda nessas questões, o diferencial é a presença do “Projeto Yukari”, que é o mesmo nome do personagem principal, mas se vê que a pressão da sociedade e sua mentalidade pode prejudicar ou ajudar as gerações mais novas, como por exemplo vemos que os os pais de Yukari são felizes mesmo depois de anos, já para Yajima o cenário é outro. Assim levantando questões que o amor não deveria ser tomado por terceiros ou alguém com poder, mas pelo sentimentos reais, sem levar arrependimentos ou mentiras que tem até mesmo no nome do anime “lies”, que é uma palavra que vai contra a palavra “amor” que no anime é mostrado como isso machuca e danifica os sentimentos, sendo um mundo na qual é necessário para que não vire algo pior.
Além disso, se vê que a lenda Akai-to (o fio vermelho do amor) é uma presença significativa na obra, mesmo não sendo focado nessa teoria, tanto na abertura e propagandas do anime se encontra com essa superstição. Deixando a dúvida: Esse fio são seus sentimentos ou é o “Projeto Yukari”?