JANPERSON FIGHTS FOR JUSTICE

Estava eu acompanhando as notícias quando descobri que o magnífico Shouhei Kusaka, o eterno Jiban, voltará ao Brasil para a versão carioca do Anime Friends. Fiquei tão empolgado que queria falar um pouco desse Metal Hero que eu tanto gosto mas… Caramba, aqui é Porão do Tokusatsu! Todo mundo conhece o Jiban, não teria a menor graça! Mas aí me lembrei de um outro Policial de Aço, diretamente do anos 90, muito mais obscuro e… roxo. Então tirem suas jaquetas, entrem em seu carro com jatinho e bora esmurrar alguns robôs com Janperson!

Sinopse:

Este Metal Hero de 1993 conta a história de um detetive robótico que patrulha as ruas de Tóquio e acaba lutando contra três grandes organizações criminosas. Com um clima bem diferente de seus antecessores, Janperson traz tramas um pouco menos fantásticas e um andamento mais “episódico” que o padrão. Ao contrário das demais séries da franquia quase nunca aparece o tão tradicional “monstro da semana”, geralmente o protagonista combate criminosos que lembram personagens de romances policiais.

©Toei Co.

O Robô de Investigação Especial Janperson (Tokusou Robo Janperson, no original) é um dos Metal Heroes, a franquia mais popular de tokusatsu aqui no Brasil, onde todos conhecem Jaspion, Jiraiya, Jiban e tantos outros. Depois de três séries seguidas com temas de resgate (Winspector, Solbrain e a inédita por aqui Exceedraft) a dona Toei resolver voltar ao que tinham apresentado em Jiban e mostrar histórias policiais com uma pegada sci-fi. Mas dariam um passo a mais: dessa vez o herói não seria um ciborgue, mas sim um robô sem forma humana!

Pode parecer chocante para um fã brasileiro mas a franquia Metal Hero estava passando por maus lençóis. As séries gastavam tanto quanto os Super Sentai mas rendiam muito menos grana em venda de brinquedos. Pra piorar, o ano de lançamento de Janperson também marcou o início dos Power Rangers que ajudou os Sentai a ganharem ainda mais força. Qual foi a solução então? Simples: corte de custos!

©Toei Co.

Janperson é um verdadeiro festival de reciclagem.  A cada episódio você vai reparando cada vez mais… do nada aparecem versões novas de armas de Winspector (pintadas de roxo, claro!), os vários robôs que enfrentam nosso herói são geralmente feitos de tecos de armaduras antigas de Spielvan, Solbrain, Jaspion e até Jiraiya… E quando finalmente conhecemos a base secreta do protagonista vemos que é só a base antiga do Metalder com algumas plantas a mais! Ah e o meu favorito: tem uma moto com um nome super-fodão GG SLAYER que é literalmente uma moto normal. Nem pra colar uma arminha no lado, sei lá.

Mas na real a sacada mais genial pra não gastar muito dinheiro foi com a escolha de vilões. Como no mundo de Janperson os andróides são completamente integrados à sociedade (isso em 93 hein? Japão é mesmo muito avançado) quase todos os inimigos são só pessoas normais usando algum pedaço de armadura pra fingir que são secretamente robôs! Muito mais barato que criar uma roupa inteira do zero, fala aí?

©Toei Co.

E mesmo com toda essa picaretagem é impossível negar que Janperson não é apenas legal… é fascinante! Dá pra notar que a Toei não estava 100% confiante na série, então deram a oportunidade única da experimentação. Nos primeiros episódios Janperson é um mistério total até para quem assiste: os episódios começam focados na polícia e do nada um robô roxo aparece e salva todo mundo, desaparecendo em seguida! Nem os mocinhos nem os bandidos sabem quem ele é ou de onde veio, apenas  que sua apresentação é sempre a mesma… Janperson! For Justice!

Inicialmente temos como personagens fixos uma repórter bisbilhoteira e dois policias babacas (um deles se auto-proclama “O Batman da Polícia Metropolitana”), mas todos somem da trama em menos de 10 episódios. Muito depois conhecemos Kaoru, que acaba ficando até o final da série agindo como ajudante e equipe de manutenção de Janperson, e mais pra frente aparece o anti-herói/rival Gun Gibson. Sim, o nome é referência ao Mel Gibson!

©Toei Co.

Se você está acostumado com os Metal Heroes que fizeram sucesso por aqui recomendo fortemente que vá atrás de Janperson. Apesar do orçamento baixíssimo a série tem umas tiradas geniais, como usar quatro grupos de vilões ao invés de um só (o chefe de um deles é até interpretado pelo ator que fazia o Change Griphon em Changeman!) e um uso mínimo de stock footage – algo que já dava no saco nos Policias do Espaço e já causava até dor de cabeça em Solbrain, onde a cena de incêndio/resgate era sempre a mesma!

Janperson consegue tocar em temas bem legais sobre a mente humana (mente robótica no caso, mas você entendeu), ideias de justiça e tantas outras coisas tudo em meio à ciborgues, robôs, lasers e explosões. O quer mais tu quer da vida? Agora vou fechar o Porão por um tempinho enquanto tento imaginar quem foi o gênio que deu a ideia de pintar um robô policial de roxo. Até a próxima, see you again!