Olá leitores do NSV – Mundo Geek! Aqui é o Vulpixs para mais um texto sobre a cultura japonesa. Desta vez vamos falar sobre uma das artes vivas do Japão, conhecido como Ikebana. Já ouviu falar? Se aventure nesta leitura para ficar mais a par desta cultura.
Ikebana, a arte de se trabalhar as flores
No literal da palavra japonesa, Ikebana (生 花) significa “flores vivas”. A arte japonesa do arranjo de flores foi retratada como sendo ao mesmo tempo mais sensível, mais artístico e mais sofisticado do que os métodos de arranjo de flores geralmente empregados em outras culturas. Isso acontece porque o Ikebana é uma arte no Japão, no mesmo sentido em que a pintura de quadros e esculturas são artes em outros lugares.
A nipônica do arranjo de flores, galhos, folhas encontram uma nova vida como utensílios para a arte. Em comparação aos hábitos ocidentais de colocar casualmente flores em um vaso, o ikebana propõe destacar as qualidades interiores das flores e outros materiais vivos, além do mais importante, expressar emoção.
O Ikebana pode ser praticado por amadores e profissionais, ambos capazes de alcançar resultados elegantes. Porém, assim como as demais artes, dominar o básico e seus fundamentos é essencial para qualquer prática do mesmo. Só assim uma pessoa começará a experimentar com o maior proveito do Ikebana.
O nome “Ikebana” vem do “ike” em japonês, que significa “vivo” ou “arranjo”; e “bana” traz a tradução da palavra “flor”. A prática de usar flores como oferendas em templos se originou entre o século 7 e 8, quando o budismo foi introduzido pela primeira vez no Japão. Esses arranjos são exibidos como formas de arte nas casas das pessoas. No entanto, o Ikebana também é visto como mais do que apenas uma decoração, é um processo espiritual que ajuda a desenvolver uma proximidade e a harmonia com a natureza em mesclar o interior e o seu exterior.
Os tipos de Ikebana
Existem vários tipos e técnicas do Ikebana que foram desenvolvidas ao longo dos séculos, mas dentre eles temos alguns principais por ter tomado várias formas muitos estilos diferentes de arranjo. Entre os mais comuns estão os estilos Rikka (flores em pé), Seika (flores vivas) e o estilo Moribana (flores empilhadas).
O arranjo estrutural de Rikka é conhecido pelas posições das peças que seguem a composição básica de um dos estilos mais conhecidos. As nove posições primordiais foram desenvolvidas pelos monges budistas, que incorporaram na cultura, os ensinamentos em seus arranjos de flores. Ikebana é uma arte visual que utiliza dos materiais vegetais que vêm em uma vasta variedade de formas. Dependendo dos materiais, o jdom artístico deve ser usado para reajustar as formas especificadas. No estilo Rikka, é essencial que as nove posições sejam honradas. Para isso, não basta replicar as posições e fazer exatamente como é demonstrado nesta imagem por exemplo. A criatividade também é um dos charmes que trazem vida para o Ikebana.
Dentro do Rikka, podemos encontrar 9 posições primordiais, elas são: Shin – A Montanha espiritual, Uke – Receber, Hikae – Aguardar, Sho Shin – Cachoeira, Soe – Ramo de suporte ou apoio, Nagashi – Fluxo, Mikoshi – Ignorar, Do – Corpo estrutural, Mae Oki – Corpo Frontal.
Em contraponto com a formalidade das rígidas regras de Ikebana de Rikka, outras formas mais livres dos arranjos florais eram conhecidas como Nageire – Despejar dentro. A característica distintiva do arranjo de Nageire era que as flores não eram feitas para ficar eretas por meios artificiais, mas mas sim permiti-las descansar no vaso de uma forma natural.
Não é por acaso que o estilo Rikka esteja associado às formas mais tradicionais do budismo, enquanto o estilo Nageire está associado ao Zen, pois os arranjos Rikka surgiram de uma tentativa filosófica de conceber um universo organizado, enquanto os arranjos Nageire representam uma tentativa de alcançar unidade imediata com o universo.
No final do século XVIII, a interação entre Rikka e Nageire deu origem a um novo tipo de arranjo de flores chamado Seika, que literalmente significa flores vivas. No estilo Seika, três das posições originais foram mantidas: shin, soe e uke, criando um triângulo destoante de qualquer regra já aplicada antes. Em um arranjo Seika, que é colocado na alcova de tokonoma, o espaço vazio ativo tanto dentro do arranjo quanto dentro da estrutura do tokonoma é de vital importância.
Historicamente, os arranjos de Seika eram compostos de um material – a exceção são os arranjos mais suntuosos criados para as comemorações do ano novo oriental. Hoje a regra foi relaxada, e arranjos feitos de um, dois ou três materiais são extremamente comuns.
E agora, temos o Moribana. Até os últimos anos, a alcova de Tokonoma, onde o Ikebana era tradicionalmente exibido, o espaço era tratado como um local sagrado, porém com o passar dos anos ele deixou de ser incluído na cultura japonesa moderna. Os espaços abertos de hoje em dia, pedem que o Ikebana seja visto por todos os lados, fazendo um 360°, para maior apreciação. E assim chegou o arranjo Moribana, onde o Ikebana começou a ser colocado em vasos redondos para a sua apreciação como um todo, sem ter um lado como foco. O arranjo Moribana progrediu a cultura do Ikebana como uma maneira de criar uma qualidade escultural e tridimensional no uso de plantas naturais.
A prática do Ikebana nos dias atuais
Instruídos pela precisão e ressaltando valor da cultura japonesa, os iniciantes ao Ikebana aprendem habilidades técnicas básicas: como cortar corretamente galhos e flores, medir ângulos nos espaços para o enxerto dos galhos e caules, e como preservar os materiais vivos e naturais; junto da boa etiqueta de manter um local de trabalho que traga uma imagem limpa e harmoniosa. Os iniciantes também são ensinados a sensibilizar seus olhos para os materiais, a fim de trazer à tona suas qualidades interiores e a entender como isso muda de arranjo para arranjo, de acordo com a criatividade de cada um.
Por volta do século 20, a globalização do ikebana foi propagada pelas mãos de Ellen Gordon Allen, uma americana que estudou Ikebana durante sua estadia no Japão. Ela viu esta arte viva como um meio de unir pessoas do mundo inteiro. A partir de 1956, Allen trabalhou com as principais escolas de ikebana para fundar uma organização sem fins lucrativos chamada de “Ikebana International”, que promove um slogan dizendo: “Friendship through Flowers” — Amizade através das flores. Qualquer pessoa ou organização que coincida com os objetivos do Ikebana International pode se juntar a eles.
Segundo eles “O Ikebana International não ensina e nem endossa nenhum tipo de Ikebana. Ou dizendo melhor, é uma associação que engloba muitas escolas diferentes de Ikebana, cujos membros são pessoas de várias partes do mundo que amam e praticam da arte e têm interesse em outras artes tradicionais relacionadas ao Japão cultural. Muitos de seus membros estudaram ikebana. Algumas escolas de ikebana enfatizam estilos clássicos; outros se concentram no estilo livre, e alguns misturam os dois para dar origem a uma nova forma. Por meio dessa associação, estes membros têm a oportunidade de aprender sobre o Ikebana e de infinitas formas de se trabalhar a arte — suas inspirações, estilos, filosofia, história e técnicas — eles auxiliam em interações por meio de reuniões, demonstrações, exposições e outros eventos. Outra característica única do Ikebana International é que a organização foi fundada e segue adiante na administração de voluntários que queiram propagar esta arte viva e rico por natureza”.
Enfim pessoal, este é um pouco do que mostra a cultura japonesa de uma maneira viva, extraindo da sua beleza natural. Gostou? Comente aqui em baixo e mostre para aquele seu amigo que ama estar em contato com a natureza.