Olá leitores do NSV – Mundo Geek! Aqui é o Vulpixs mais uma vez para falar sobre a cultura japonesa! Dessa vez vamos tirar algumas dúvidas sobre a diferença das palavras Harakiri e Seppuku. Conhece o suficiente a respeito do ritual de honra do suicídio ao modo japonês? Venha comigo!
A diferença entre o Harakiri e o Seppuku
As palavras japonesas Seppuku e harakiri tem basicamente os mesmos significados. Ambos remetem a mesma forma de auto-execução por meio da estripação. Além de ambas visivelmente significar “cortar o estômago”. O método é uma honra de tirar a própria vida, praticada por homens da classe samurai na Era do Japão feudal, também conhecido como o Xogunato Japonês.
A diferença entre as duas palavras é totalmente etimológica (a parte da gramática que trata da história ou origem das palavras). Seppuku (切腹) deriva de uma leitura On-Yomi (chinesa dos kanjis), ao mesmo tempo que (腹切り) Harakiri é uma leitura Kun-Yomi (japonesa dos kanjis). Devido à associação histórica e política dos caracteres chineses com a literatura aristocrática e governamental japonesa, o termo “Seppuku” é quase sempre usado em um contexto escrito, enquanto “harakiri” é seu equivalente verbal e de modo coloquial. A etimologia também reverberará futuramente na prática desta retalhação.
Mas também existe um conceito lógico e por meios práticos que um se destoa do outro. O Seppuku é um ritual para execuções feitas na antiguidade, época que grandes samurais teriam de morrer com honra. Já o Harakiri é por uma cerimônia mais simples e sem tanta importância dada à vitima.
Um pouco de sua história
Antigamente, muitos acreditavam que a alma repousava dentro da barriga, e ao corta-la, deixaria o espírito se libertar. Também é preciso ser muito corajoso e mentalmente forte para poder realizar esse tipo de ato que só pode ser realizado por um “verdadeiro samurai”. Embora seja relatado que em algumas ocasiões os samurais se perderam em um conflito mental e entraram em colapso antes do ritual, estes tiveram de ser decapitados à força.
O Seppuku se desenvolveu no século 12 como um meio para os samurais almejarem uma morte honrosa. Espadachins realizavam o ritual para de cair nas mão dos inimigos após uma derrota no campo de batalha. Não só isso, mas também funcionou como um meio de protesto e uma maneira de expressar tristeza pela morte de um líder reverenciado. A partir dos anos 1400, o seppuku evoluiu para uma forma mais banal, para os samurais que cometeram crimes irreparáveis.
Em cada caso, foi considerado um ato de extrema bravura e auto-sacrifício que encarnava o “Bushido” – o antigo código de guerreiro do samurai. Tinha até uma versão feminina do seppuku chamada “Jigai”, que se desenvolvia no corte da garganta usando uma faca especial conhecida como “Tanto”.
O Seppuku perdeu a sua força com o declínio dos samurais no final do século 19 e o xogunato no Japão, mas a prática não sumiu por completo. Em 1912, o general japonês Nogi Maresuke estripou por lealdade ao falecido Imperador Meiji, e muitas tropas mais tarde escolheram a espada em vez de se render durante a Segunda Guerra Mundial. Talvez o caso mais famoso da história recente é do Mishima Yukio, um romancista renomado e candidato ao Prêmio Nobel que cometeu o ritual em 1970 depois de liderar um golpe não bem sucedido contra o governo japonês.
Como o ritual era praticado?
O ritual seppuku, em sua forma mais comum e reconhecível, tornou-se um espetáculo altamente ritualizado de suicídio nobre e artístico na década de 1700. O condenado usava um quimono de morte branco cerimonial e foi autorizada uma refeição final. A lâmina de execução, que pode variar de tamanho de uma espada longa a uma faca cerimonial, foi então servida no último prato, e era esperado que ele escrevesse um poema de morte antes de esfaquear-se no abdômen e cortar primeiro da esquerda para a direita e depois para cima.
Ao concluir o corte, seu segundo passo seria dado por um Kaishakunin, o encarregado auxiliar no ritual suicida japonês seppuku, cuja função é a decapitação da vítima, que avançaria para dar o golpe fatal no pescoço exposto do condenado.
No entanto, se a honra fosse preservada no ato, esperava-se que o corte não machucasse completamente o pescoço da vitima, mas permitisse que apenas parte da carne suficiente fosse presa para que a cabeça caísse naturalmente para a frente, nos braços do próprio homem executado. Dessa maneira, não apenas as roupas dos espectadores não ficariam manchadas de sangue, mas também a cabeça cairia entre as duas mãos do samurai, como se ele estivesse segurando a sua própria como um sinal de aceitação.
As mulheres que praticavam seppuku, eram muitas vezes as esposas de samurais que desejam evitar a captura. Amarravam as pernas antes de cortar para preservar uma postura modesta na morte.
2 tipos de Seppuku/Harakiri
Havia duas formas de cometer o Seppuku/Harakiri: voluntário e obrigatório. O Harakiri voluntário evoluiu durante as guerras do século 12 como um método de suicídio usado com frequência por guerreiros que, derrotados na batalha, optaram por evitar a desonra de cair nas mãos do inimigo. Ocasionalmente, um samurai realizava seppuku para demonstrar lealdade a seu senhor, seguindo-o na morte, para protestar contra alguma política de um superior ou do governo, ou para expiar o fracasso em seus deveres.
Já o Seppuku obrigatório refere-se ao método de pena capital para os samurais, poupando-lhes a desgraça de serem decapitados por um carrasco comum. Essa prática prevaleceu do século 15 até meados dos anos de 1873, quando foi abolida.O ritual era geralmente realizado na presença de uma testemunha enviada pela autoridade que emite a sentença de morte. O prisioneiro estava geralmente sentado em dois tatames, e atrás dele havia um segundo Kaishakunin, geralmente um parente ou amigo, com a espada desembainhada, já que o ritual não poderia ser feito sozinho. Uma pequena mesa com uma espada curta é colocada na frente da pessoa para que faça o primeiro corte na barriga. Um momento depois que ele se esfaqueou, o segundo (golpe dado pelo Kaishakunin) tem de romper sua cabeça, como citado no tópico anterior.
Talvez o exemplo mais conhecido de seppuku obrigatório esteja ligado à história dos 47 rounin’s, que marca do início do século 18 no Japão. O famoso incidente na história japonesa, relata como o samurai, tornado sem mestre pelo assassinato traiçoeiro de seu senhor Daimyou (Senhor Feudal), Naganori Asano, vingou sua morte assassinando o senhor Yoshinaka Kira (um retentor do xogunato de Tokugawa Tsunayoshi) , a quem eles responsabilizaram pelo assassinato de Asano. Posteriormente, o xogum ordenou que todos os samurais participantes cometessem seppuku.
Histórico de alguns dos rituais mais antigo com pessoas importantes
O registro mais antigo de seppuku foi o cometido por Minamoto no Yorimasa em 1180. Sem nenhum ritual de acompanhamento ou maneira codificada de realizar o ato, o seppuku inicial foi provavelmente um processo doloroso e prolongado. Alguns atos historicamente notáveis de seppuku incluem o do xogum Oda Nobunaga, que se suicidou ritualmente para evitar ser capturado quando foi cercado em um templo no ano de 1582; o filósofo e mestre de chá Sen-no-Rikyu, que foi ordenado a prática do ritual em 1591 por seu senhor Toyotomi Hideyoshi, por causa das desavenças e confrontos nos ideias políticos; e Mishima Yukio, que cometeu seppuku em 1970, como citado acima.