Como um roteiro com premissas bem básicas pode se tornar um bom filme? Essa pergunta foi muito bem respondida no longa: Em ritmo de fuga ou Baby Driver (título original), dirigido por Edgar Wright (Scott Pilgrim contra o mundo), que traz um filme leve, colorido e muito bem amarrado, seu estilo clipe musical concede uma atmosfera jovial e deixa as cenas de ação mais empolgantes.
Em ritmo de fuga conta a história de Baby (Ansel Elgort), que é um jovem prodígio dos volantes, ao cometer um erro quando jovem, acabou ficando em dívida com um chefão do crime. Baby possui um estilo bastante peculiar, sempre com óculos escuros e fones de ouvido, leva sua vida no ritmo das músicas que escuta, bem inteligente e discreto, muito calado e amoroso com Joseph (CJ Jones), seu pai adotivo, que tem limitações.
Mas Joseph não é o único que possui problemas com seus sentidos, o fato de Baby estar sempre ouvindo músicas é porque possui uma deficiência auditiva, causada por um acidente em sua infância, isso faz com que ele escute um zumbido constante. Ele usa a música para ajudar a abafar este zumbido, logo sua intimidade com o ritmo aumenta; além das músicas que tanto gosta, ele também faz montagens com conversas gravadas atribuindo seu próprio estilo e significado.
Mesmo que Baby participe de assaltos a banco, como piloto de fuga, ele não se sente confortável com a situação e não se considera um bandido, na verdade, sua entrada para o mundo do crime aconteceu pela necessidade de pagar uma dívida com Doc (Kevin Spacey), então ele luta para se livrar do submundo. Sua urgência fica ainda mais apurada após conhecer Debora (Lily James), uma jovem garçonete por quem Baby fica totalmente apaixonado.
Falta somente mais alguns assaltos para Baby se ver livre, e por um instante isso até acontece, Baby quita a dívida e encontra um emprego como entregador de pizza, nesse meio tempo seu romance com Debora fica mais intenso e os dois planejam uma vida juntos. Porém, não dá para ser simples assim né? Doc não aceita perder seu habilidoso piloto tão facilmente e com uma boa proposta convence Baby a fazer mais um serviço, é aí que tudo desanda.
Baby não deixa sua vida pessoal se misturar com as atividades ilícitas que pratica, além de ter um código moral forte contra armas e mortes, possui um estilo caladão e totalmente focado em suas músicas, essa combinação toda não agrada seus companheiros de crime, que são totalmente opostos, principalmente ao Bats (Jamie Foxx), que é uma pessoa desagradável e barulhenta.
Bats provoca Baby o tempo todo e não confia em ninguém, descobrindo inclusive o romance dos dois jovens. Partindo para o último assalto, não é novidade que nada daria certo né? E foi isso mesmo, já com seus limites atingidos, Baby comete uma série de atos, trai seus companheiros, comete assassinato e rouba carros, tudo isso enquanto foge da polícia.
Em meio a tudo isso, Baby ainda lembra de deixar o pai adotivo em um lar de idosos e procura Debora para fugirem juntos, mas ao encontrar a namorada ele encontra um dos seus parceiros Buddy (John Hamm), que está querendo se vingar por tudo o que aconteceu. Começa então, uma caçada entre os dois. neste momento Debora apoia e fica ao lado de Baby, colaborando de todas as maneiras para que possam fugir juntos.
Após muitas cenas de violência e manobras de carro, Baby e Debora conseguem escapar, mas não rápido o suficiente, a polícia fecha todas as saídas da cidade, cansado dessa vida de crimes e fugas e desejando uma vida melhor para Debora ele se entrega e cumpre sua pena. O filme é todo sincronizado entre ações e música, isso deixa o filme todo eletrizante e interessante, a trilha escolhida é maravilhosa e releituras de roteiros clássicos como esse são sempre bem vindos.