Ao longo desses longevos e doentios tempos de pandemia, todos nós fomos obrigados a nos reclusar em nossos lares, para o nosso bem e o do próximo, evitando portanto o contágio de Covid-19. Nesses últimos meses, os serviços de streaming lucraram como nunca justamente porque ficamos em casa consumindo suas produções. Isso me lembra dos meus tempos de criança, sendo criada por animações e bebendo tampico.
Enclausurada em casa, pus-me a pensar na infância e uma nostalgia por tempos mais tranquilos bateu. Por essa razão, decidi dedicar o mês de outubro para animações que me marcaram profundamente e ainda não abordei aqui. Hoje, Dragon Ball GT (DBGT).
Sério? Sim.
Conhecido como o ponto mais baixo da franquia Dragon Ball, DBGT é uma série animada de 64 episódios desenvolvida pela Toei Animation sem envolvimento do Akira Toriyama. O desenho estreou em 1996 no Japão (2002 no Cartoon Network nacional) para uma recepção extremamente morna, sendo descrito como “infantil e repetitivo” por críticos. Nele, Goku volta a ser criança e, com a ajuda de Trunks e da sua neta Pan, ele viaja pelo universo a fim de resolver a sua situação.
É bobo, não tem muito do charme autêntico do Toriyama, e de fato a sua fórmula é cansativa. Dito isso, ainda é meu capítulo favorito em todo o programa e, mesmo anos após ter terminado de ver pela primeira vez, carinho define. Eu fecho os olhos e consigo ouvir as vozes dos personagens interagindo em sua nave espacial. DBGT me marcou nesse nível.
Não é muito diferente de todo o resto da produção de Dragon Ball: os heróis buscam as esferas do dragão, o humor é crasso, e a porradaria come solta. Não há muito desenvolvimento de personagem, não há alguma qualidade maior na animação, essa bem padrão Toei anos 90. Contudo, creio eu, a sua maior distinção é o tom de finalidade que perpassa os episódios.
Goku já é idoso, não há como evitar esse detalhe: ele participou de muitas batalhas, morreu duas vezes até então, e seus filhos cresceram. Não mais ele precisa ser guardião da Terra. Ele continua as suas aventuras até que abraça a morte como uma velha amiga, acabando com a sua essência incorporada por Shen Long, o dragão das esferas.
DBGT nunca foi considerado canônico, sua narrativa certamente não foi incorporada à Dragon Ball Super, a continuação oficial assinada pelo seu autor de fato. Todavia, aprecio a sua tentativa ao contar uma história breve (se compararmos a todas as outras séries, isto é) com princípio, meio, e fim.
Como a infância, foi bom enquanto durou e fico feliz por tê-lo experimentado. Despeço-me com a música de encerramento que eu assistia (e cantava!) toda vez com empolgação.
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